Portugal
"Os apitos compram-se. Uma vez ajoelhei-me no Estádio da Luz", diz Oliveira
2021-02-08 10:25:00
"Arbitragem é vítima de um sistema", diz ex-técnico portista que refere que os jornais também se "compram"

António Oliveira mostra-se revoltado com as arbitragens e não deixa 'pedra sobre pedra' num comentário onde traz à tona a célebre expressão do léxico futebolístico português "sistema", celebrizada, em tempos, pelo ex-presidente do Sporting Dias da Cunha.

O ex-técnico do FC Porto disse que a "arbitragem é vítima de um sistema". "É mais vítima do que o sistema é vítima da arbitragem. E é isso que está a acontecer e é preciso denunciar".

Para o ex-treinador do FC Porto, é preciso que alguma coisa seja feita perante a atual situação que se vive no futebol nacional. "Os erros são permanentes, e eu tenho denunciado, que a arbitragem é tolhida por não ter independência. Ponto. Assim como o VAR é um instrumento discricionário".

Oliveira referiu ainda que iria "ser simpático" mas não podia deixar de dizer aquilo que tinha e queria dizer a respeito das arbitragens. "Vou ser simpático, a arbitragem melhorou, tem tido coisas melhores mas há aquelas cirúrgicas", denunciou, concretizando: "Dá a sensação que melhora mas não quer dizer que estejam a fazer bem o seu papel e com seriedade".

António Oliveira aumentou o tom das críticas e das suspeitas com o setor da arbitragem e disse que os "apitos compram-se", comparando à forma como a imprensa cumpre a sua atuação.

"Tenho os jornalistas como pessoas sérias mas os jornais compram-se. Os árbitros são sérios mas os apitos compram-se. É preciso ter cuidado nestas matérias que são delicadas", avisou Oliveira, que foi convidado a comentar as declarações de Sérgio Conceição que, após o jogo frente à Belenenses SAD, disse que os dragões foram "roubados".

"Fomos enganados, fomos roubados aqui!", disparou Sérgio Conceição, após o empate sem golos no jogo da 17.ª jornada do campeonato português.

"A expressão é do Sérgio. Eu não sou ele. Uma vez ajoelhei-me no Estádio da Luz. Perguntaram-me o porquê e disse que era para o senhor nunca mais me apitar na vida nem passar à porta", explicou, dizendo que por vezes é preciso perceber a escolha de palavras, expressões e atos.

Independentemente disso, António Oliveira diz que "tem de haver critério, isensão, seriedade" nos árbitros que "não têm independência".

A esse respeito, Oliveira, que confessou ter sido um dos impulsionadores do VAR, diz que há coisas que não consegue compreender. "Criaram o famoso VAR mas tem um poder discricionário. Quem manda no VAR? Quem decide quem vai para o VAR?", interrogou.

No programa Trio d´Ataque, da RTP 3, Oliveira disse ainda que "qualquer dia há mortes se não meterem a mão nisto" e por isso desafia a que se tomem medidas.

"Quem tem a tutela do desporto, o Governo, a Liga e a Federação se não convoca uma reunião a todos, não a dois outro três... têm de reunir", aconselhou, falando ainda sobre a narrativa azul e branca em defesa de Tecatito Corona.

"Não sei se acontece com alguns jogadores do Benfica ou do Sporting, agora os árbitros têm que ter noção e proteger o talento e os génios do futebol. O Corona é permanentemente ceifado, é para partir perna, para anular, aniquilar. Não tenho dúvidas. Subscrevo inteiramente aquilo que dizem o Sérgio Conceição ou outro qualquer portista ou quem não for portista. É uma verdade", comentou Oliveira, dando exemplos do futebol mundial.

"Imaginem o que é fazerem isto, por exemplo, ao Messi ou como no começo fizeram em Espanha ao Maradona. Não se pode agredir permanentemente com má fé. E isto está a acontecer com o Corona".

Sobre isto, o FC Porto criticou a arbitragem de Artur Soares Dias no empate a duas bolas, em Braga, na noite de domingo, e volta a fazer referências à forma como Tecatito Corona é alvo de uma "caça" no campeonato.

A este respeito, recorde-se, o treinador-adjunto do FC Porto, Vítor Bruno, manifestou revolta com a arbitragem e com o comportamento dos adversários.

Na flash-interview, depois do empate do FC Porto com o SC Braga, o técnico acusou os adversários de fazerem de Corona "um saco de batatas". "Enquanto a permissividade continuar, enquanto continuarem a fazer do Corona um saco de batatas, corremos o risco de não valorizarmos o nosso futebol. É criminoso aquilo que fazem ao Corona semanalmente, de três em três dias".