Portugal
“Só da cabeça daquele sujeito lá de cima é que saem estas coisas”, diz Mendes
2021-01-20 11:15:00
Antigo futebolista critica Francisco J. Marques no caso dos falsos positivos de Sporar e Nuno Mendes

O caso que envolveu Nuno Mendes e Sporar – jogadores do Sporting que acusaram falsos positivos e foram reintegrados no plantel, apesar de o clube não ter podido utilizar os atletas frente ao FC Porto, por ordem da DGS – provocou uma dura troca de palavras e comunicados, entre os dois clubes, com Francisco J. Marques a falar em “crime público”, caso os dois atletas fossem utilizados por Rúben Amorim. 

O antigo futebolista Fernando Mendes acusa o diretor de Comunicação do FC Porto de irresponsabilidade. O comentador na CMTV argumenta que a situação criada “é de loucos”. Mendes não entende que alguém possa achar que um clube poria um jogador em campo sabendo que o atleta estava infetado com covid-19. Referindo-se a Francisco J. Marques, sustentou que “só da cabeça daquele sujeito lá de cima é que saem estas coisas”. 

Isto é o corpo médico que está em jogo. O presidente do Sporting é médico. O presidente ia arriscar e pôr jogadores em perigo? Só um louco é que pensa que o Sporting ia fazer isto de propósito: pôr jogadores infetados em campo. Só da cabeça daquele sujeito lá de cima é que saem estas coisas”, afirmou o antigo futebolista, num programa de debate desportivo daquele canal.

Mas Fernando Mendes não se ficou por aqui. Além da queixa apresentada pelo Sporting na Ordem dos Médicos, o antigo jogador entende que também o diretor de Comunicação do FC Porto deveria ser alvo de procedimento idêntico. 

“Ouvi um diretor de Comunicação a pôr em causa um departamento médico. Também digo muita porcaria, mas arrependo-me. No entanto, neste tipo de situações é preciso cuidado. Deviam fazer uma queixa contra o Francisco J. Marques", afirmou.  

Fernando Mendes acha que o FC Porto tentou – através do comunicado que emitiu e com as palavras do diretor de Comunicação, Francisco J. Marques – retirar os dois jogadores da meia-final da Taça da Liga. 

“O futebol funciona assim. Aquela conversa de que ‘é um dérbi, um clássico, quero o adversário na máxima força’ é tudo treta. Eu digo o contrário: não quero ninguém lesionado, mas espero que dois ou três estejam castigados. Se calhar, foi isso que foi feito: quiseram tirar dois ou três jogadores ao Sporting”, disse Fernando Mendes. 

O ex-futebolista acha que a estratégia de comunicação dos dragões visou apenas um objetivo: obrigar as autoridades de saúde a retirar Sporar e Nuno Mendes do encontro de ontem e enfraquecer o Sporting.

"Não é que o Nuno Mendes ou o Sporar pudessem fazer a diferença, mas [o FC Porto pensou] ‘uma vez que temos também problemas com covid-19, vamos tentar sacar dois ou três ao Sporting’. Custa muito entender? Isto funciona assim!”, exclama Fernando Mendes. 

Através de Francisco J. Marques e num comunicado, recorde-se, o clube da Invicta falou em “crime público". Nas redes sociais, aquele responsávrl criticou a opção do emblema de Alvalade em reintegrar os atletas. “No dia em que as autoridades apertaram as medidas para a contenção da pandemia o Sporting anunciou a intenção de cometer um crime público. Os jogadores Nuno Mendes e Sporartestaram positivo há quatro dias, mas o Sporting diz que estão em condições de defrontarem o FC Porto”, escreveu o diretor de Comunicação portista. 

“É extraordinário e terrível que um clube com as responsabilidades do Sporting se deixe seduzir pela miragem da vitória a qualquer preço para tentar atropelar a lei e ser um péssimo exemplo para toda a população. A estupidez, mesmo quando assintomática, é muito perigosa”, acrescentou. 

Frederico Varandas reagiu a estas palavras, logo após o triunfo leonino frente ao FC Porto. O presidente do Sporting prometeu uma queixa contra o laboratório que fez os testes a Nuno Mendes e Sporar. 

O dirigente aponta o dedo ao laboratório, garante que Sporar e Nuno Mendes nunca estiveram infetados. E com ironia fala na “coincidência” dos testes de dois jogadores leoninos resultarem em falsos negativos, num total de 30 testes, quando a percentagem de falsos positivos é de um por cento.

Detalhando todo o processo, Frederico Varandas manifestou-se desiludido com a polémica. "Vou abandonar este patético mundo covid e tratar doentes reais", disse, referindo-se à sua profissão de médico e à missão de tratar vítimas da pandemia.