Portugal
Muito Seferovic e organização defensiva na vitória do Benfica sobre o Betis
2017-07-20 22:50:00
O suíço bisou e a sua complementaridade com Jonas aumenta de dia para dia

A vitória do Benfica frente ao Betis, no Algarve, por 2-1, mostrou uma equipa já mais próxima daquilo que foram os seus princípios de jogo nas duas épocas sob o comando de Rui Vitória. Uma organização defensiva à prova de bala e capacidade para surpreender na transição para o ataque, muito por conta da inteligência de Jonas, da velocidade de Rafa e do sentido prático e objetivo de Seferovic. O suíço, com dois golos de belo efeito, foi a figura maior de um encontro do qual os benfiquistas também tiraram uma preocupação: a dificuldade a sair a jogar com qualidade desde trás.

Seferovic mostrou tudo o que já tinha deixado antever – e mais ainda. Fez dois golos, ambos em lances de ataque rápido após recuperações de bola na zona de meio-campo. O primeiro num chapéu de medidas exatas ao guardião espanhol, após ter solicitado a Jonas uma desmarcação na profundidade, o segundo na cara do guarda-redes depois de uma triangulação ao primeiro toque com Jonas e Rafa. Os golos são um bónus num avançado de quem nem se esperava tanto isso como a capacidade para tornar mais fácil a vida a Jonas, pelo jogo de constante mobilidade a atacar e ação pressionante nos momentos defensivos. A sua complementaridade com Jonas está a melhorar de dia para dia, percebendo-se em Rui Vitória a intenção de lhes dar minutos em conjunto, o que pode querer dizer que as contingências dos seus regressos mais tardios podem ter feito de Mitroglou e Jiménez segundas escolhas.

De resto, o jogo permitiu ver Luisão de regresso. O capitão não fez um jogo isento de erros – o golo do Betis nasce da lentidão no ataque à bola da zona central da defesa benfiquista, batida pela velocidade do velho Joaquín, que depois assistiu Leon – mas a verdade é que todo o setor esteve melhor do que no descalabro frente ao Young Boys. A forma como o Benfica suportou o assédio final do Betis, sem conceder mais do que uma ou duas ocasiões de perigo – um remate ao poste, nomeadamente – foi bom indicador do regresso da serenidade. E nem pode dizer-se que Fejsa – muito faltoso e pouco influente na manobra ofensiva – tenha tido tanto assim a ver com esse crescimento das zonas mais recuadas. Aliás, a parceria entre o sérvio e Filipe Augusto parece ser um dos aspetos a rever por Rui Vitória, que de resto ainda espera pelo regresso de Pizzi.

Seja porque Júlio César não dá as mesmas garantias de Ederson no início da construção, porque a linha de três em início de construção – com o recuo alternado de cada um dos dois médios – ou porque os laterais não mostraram um rendimento adequado nesta primeira fase, a verdade é que o Benfica só foi capaz de surpreender o Betis quando recuperava a bola em zonas altas, o que lhe permitia evitar esta fase do jogo. A sair de trás, a equipa foi sempre lenta, complicativa e nada criativa, raramente colocando alguém em posição privilegiada para entrar no último terço do campo. Aqui, uma palavra também para os laterais: Hermes começou na esquerda, mas viu o regresso de Eliseu significar que muito provavelmente terá de rodar fora da Luz; Pedro Pereira começou à direita, mas foi Buta, que alinhou durante toda a segunda parte, quem deixou melhores indicações, sobretudo a defender.