Portugal
Benfica troca nota artística pela eficácia e regressa às vitórias frente ao Aves
2017-10-22 20:40:00
Saída de Pizzi do onze tirou capacidade de construção, mas Vitória ganhou coesão com a entrada de Filipe Augusto

As escorregadelas constantes que os jogadores do Benfica foram evidenciando ao longo da primeira parte poderiam ter sido o prenúncio para uma noite pouco feliz da turma de Rui Vitória, mas a entrada forte que as águias tiveram no encontro acabou por ir colocando a equipa mais perto do golo. Foi com pragmatismo e eficácia – ou o mesmo que dizer, com Filipe Augusto no onze, no lugar de Pizzi, a dar mais coesão no meio - que o Benfica, mesmo sem ter nota artística quanto à estética como o conseguiu, acabou por confirmar o regresso aos triunfos na Liga, frente a um adversário que ainda deve estar a lamentar a forma perdulária como terminou a primeira parte.

Sem o construtor Pizzi em campo e com Filipe Augusto a falhar no capítulo do passe desde a primeira jogada do encontro - esteve bem melhor na fase de recuperação -, o Benfica foi optando por lançamentos longos para as costas da defensiva avense, sobretudo pelos centrais e para as alas. E foi assim que foi conseguindo criar perigo. Mesmo sem ter tido uma oportunidade clara de golo, a equipa fez 15 minutos acutilantes e determinados, com o jovem Diogo Gonçalves em bom plano. O veterano e recordista Quim foi adiando o golo das águias e deu início a uma bela exibição.

Curiosamente, foi na altura em que teve mais dificuldades em termos ofensivos que o Benfica chegou à vantagem. Jonas, aos 30’, abriu o marcador, depois de um penálti a castigar falta desnecessária de Washington sobre Diogo Gonçalves. Até ao intervalo o Aves despertou e colocou a defesa do Benfica em sentido. Luisão e companhia chegaram mesmo a passar mal e nos últimos cinco minutos da primeira parte a equipa da casa dispôs de outras tantas ocasiões claras de golo. A falta de pontaria acabaria por custar caro aos avenses.

No segundo tempo o Benfica entrou mais alerta e disposto a não permitir que o Aves voltasse a colocar a defesa num sufoco. De certa forma, a tarefa foi conseguida, também muito por culpa de uma exibição segura do jovem Rúben Dias. Aos 50 minutos, a eficácia encarnada voltou a funcionar, num lance com alguma sorte à mistura, e Seferovic aproveitou para aumentar a contagem. Lito Vidigal respondeu de imediato com duas alterações, retirando unidades mais defensivas para colocar duas mais ofensivas. A resposta, certamente, não foi a desejada, pois a subida no terreno permitiu ao Benfica ter mais espaços, começando a explorar o contra-ataque com maior perigo. Mas Quim voltou a mostrar que, à beira de fazer 42 anos, continua aí para as curvas.

No entanto, num canto, o Aves conseguiu reduzir, por Defendi, reentrando no jogo, quando ainda faltavam 15 minutos para o final. Apesar de se prever uma ponta final animada e tremida para as águias, a resposta foi rápida e três minutos depois surgiu mais um penálti convertido por Jonas. Um golo que trouxe a calma desejada ao Benfica. Até final o Aves abriu ainda mais espaços atrás e o Benfica ameaçou dar um ar mais avolumado ao triunfo. No entanto, Quim não quis sair goleado numa noite em que alcançou a história.

A vitória não escapou assim ao Benfica, com dois jovens da formação a responderem de forma afirmativa à chamada e com um meio-campo de combate que deu mais consistência à equipa na zona central, onde o Aves se apresentou com três unidades. Triunfo sem brilhantismo de uma equipa madura. Resultado que serve as aspirações imediatas das águias, mas que ainda deixa algumas reservas quanto ao futuro da equipa em termos exibicionais.

O árbitro Nuno Almeida acabou por não ter uma noite positiva, sobretudo devido ao penálti que originou o terceiro golo do Benfica. Jonas faz falta sobre Nildo a meio-campo, no início do lance. O juiz não viu e equipa da casa acabou prejudicada numa altura em que se relançava no encontro. Já no primeiro penálti Washington não lhe deu outra alternativa senão apitar para a marca dos onze metros. Quanto aos auxiliares estiveram assertivos a analisar os lances de fora-de-jogo.