Portugal
"Faz-me aquela comichão" que Xistra "em dez" faça "oito jogos do FC Porto"
2020-03-31 15:25:00
"Nada me move contra os árbitros. Nada", garante Jorge Ferreira

Questionado sobre um alegado clima de medo que possa existir na arbitragem, na longa conversa na 'Quarentena da Bola', Jorge Ferreira nota que "nós sabemos que isto está de tal forma...".

"Eu não tenho nada a ganhar. Só ganho a verdade. Eu ganho é a verdade", disse, negando que queira algum cargo na estrutura da arbitragem.

"O único cargo que quero é na formação onde está o parente pobre. Nada me move contra os árbitros. Nada", salientou, criticando a forma como é formado o quadro de árbitros.

"Não posso aceitar que um árbitro assistente com 46 anos continue na arbitragem, estou só a dar um exemplo, e um árbitro de 30 da mesma divisão, que tinham uma margem muito grande para ser internacional, não", explicou o ex-árbitro, em declarações no seu habitual espaço de comentário sobre o mundo da arbitragem portuguesa na 'Quarentena da Bola'.

"Então vai-se aumentar o quadro para mais uma pessoa, um árbitro como o Carlos Xistra, que chega ali, que em dez faz oito jogos do FC Porto e dois de outro clube qualquer, isto a mim faz-me confusão. Faz-me aquela comichão. Pronto", desabafou, dizendo que "o critério não é claro".

O antigo árbitro, que recentemente acusou o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de alegadas práticas de corrupção, explicou ainda que para se ser árbitro "perde-se a juventude".

"Não sou nenhum santinho nem diabinho. A maior parte deles chegam ao final da época e dizem 'eu que lutei tanto e este que tirou um teste negativo e sobe de divisão?' O problema está aí", analisou.

Jorge Ferreira diz que o futuro passa pela formação e diz que os aspirantes à carreira têm de perceber nem todos podem chegar à primeira categoria.

"Nem todos podem ser árbitros, juízes ou carpinteiros."

Confrontando sobre presentes que é comum os árbitros receberem até um determinado valor, Jorge Ferreira lembra que a própria UEFA determina um certo valor para que os árbitros sejam brindados com objetivos locais das localidades que visitam para apitar um jogo.

"Não é por aí que o gato vai às filhoses, como se costuma dizer."