Portugal
“Bacteriologicamente impuro, dirão uns, grande jogador português, dizemos nós"
2020-09-09 10:35:00
FC Porto volta a lançar ataque a Rui Santos, ao assinalar a 110.ª internacionalização de Pepe

A seleção nacional derrotou ontem a Suécia, por 2-0, em jogo da segunda jornada do grupo 3 da Liga das Nações, com dois golos de Cristiano Ronaldo.

O avançado ultrapassou a marca dos 100 golos ao serviço das quinas (tem agora 101), feito que mereceu amplo destaque, ofuscando outros números, como a 110 internacionalização do defesa central Pepe.

O jogador do FC Porto entra assim no restrito lote de internacionais com mais presenças na seleção, igualando Fernando Couto e Nani no top-5 (Cristiano Ronaldo, com 165, Figo, com 123, e João Moutinho, com 112, lideram a lista.

E o clube da Invicta fez questão de assinalar esse facto, na newsletter diária, uma dia após a vitória lusa. Mas fê-lo com um reparo a Rui Santos, aludindo à célebre polémica do “bacteriologicamente puro”.

“O defesa central atingiu as 110 internacionalizações e igualou o nosso Fernando Couto no top-5 dos que mais vezes vestiram a camisola das quinas. Bacteriologicamente impuro, dirão uns, um grande futebolista português, dizemos nós”, pode ler-se.

Rui Santos, recorde-se, criticou o facto de a seleção nacional ter um elevado número de jogadores naturalizados.

“A Federação deve assumir a sua posição de ‘formadora’, de alguma maneira, com cuidados relativamente ao jogador português, bacteriologicamente puro, formado nos clubes”, salientou, no dia 19 de março do ano passado.

Na altura, o comentador da SIC reagia à convocatória de Dyego Sousa, então jogador do SC Braga. “Acho muito duvidoso que seja mais um jogador que vá ficar na história em Portugal. Penso que não vai”, acrescentou, no programa Tempo Extra, na SIC Notícias.

A frase gerou ecos nas redes sociais e levou mesmo o SOS Racismo a agir, em palavras (repudiando a declaração do comentador) e ações: “As declarações de Rui Santos revelam um discurso de conteúdo inequivocamente racista e xenófobo, que infelizmente não é caso único na comunicação social”, apontou aquele organismo.