Portugal
“Se o Sérgio não tem tomado esta atitude, para mim 'morria' como treinador"
2019-11-12 11:30:00
António Oliveira duro no comentário ao caso que envolve Uribe, Marchesín, Luis Díaz e Saravia

O antigo selecionador nacional e ex-treinador do clube da Invicta reprova a festa que teve como protagonistas Uribe, Marchesín, Luis Díaz e Saravia, futebolistas que foram alvo de um processo disciplinar e que acabaram multados.

Segundo António Oliveira, está em causa um desrespeito e desconhecimento do que é o ADN do clube. “Os jogadores em causa são muitíssimo bons, mas têm muito pouca inteligência. Muito pouca inteligência… Muito pouca inteligência”, repetiu.

“Esta atitude tem de ser irrepreensivelmente penalizada. Os valores do FC Porto foram todos postos em jogo. Aquilo que nós dizemos, do caráter dos jogadores, que aprendem rapidamente o que é ser Porto, isto viola, violenta aquilo que é o segredo do FC Porto, aquilo que é o seu âmago”, afirmou, no programa Trio D’Ataque, da RTP3.

“O Sérgio disse que ‘não basta ter contrato com o clube’. Mas há algo que deve ser dito também: é isso tudo mais qualquer coisa. E o ‘mais qualquer coisa’ é ser muito bons profissionais. Jogadores que ganham fortunas têm de ser rigorosos, profissionais e que dêem tudo, tudo, tudo, o que têm e não têm, dentro e fora do campo, sob pena de estarem a enxovalhar o clube”, aponta o antigo selecionador.

“Um jogador que não têm consciência, antes e depois de assinar contrato, que tem esse compromisso com o clube, não está preparado para ser jogador do FC Porto. Há aqui qualquer coisa que escapou ao controlo da liderança, do treinador e da direção. Não é normal esta situação acontecer no FC Porto. Há um caso ou outro, mas em grupo, publicitarem uma festa desta natureza? Não bate certo”, critica.

António Oliveira não se surpreende com a punição do clube, que afastou aquele quarteto do jogo com o Boavista e abriu um procedimento disciplinar.

“Não podia ser de outra forma. Primeiro, pela cultura do FC Porto, depois, pela disciplina que o clube transmitiu aos associados, para dentro do clube e para fora do clube. Depois, porque houve exemplos semelhantes, como o caso do Militão, na época passada, que também foi punido”, aponta.

O antigo técnico elogia Sérgio Conceição, pela firmeza com que lidou com o incidente: “Treinadores que contemporizam não são treinadores. Os jogadores têm de ser responsáveis, profissionais e têm de estar 24 horas à disposição do clube de corpo e alma”.

“Perde-se um jogador, ganha-se uma equipa. Um jogador ou quatro, para mim, é igual. Até podiam ser onze. A regra aplica-se. Tinham de ser imediatamente afastados. Os quatro, cinco, seis”, continuou.

"O Sérgio fez muito bem. Se não o fizesse nem o cumprimentava mais, sequer. Nem era treinador mais, para mim. A imagem que eu tenho dele, o futuro que lhe auguro, a capacidade que eu lhe reconheço, se não tem tomado esta atitude, para mim 'morria' como treinador, acabou", salientou. 

Os jogadores “têm de perceber que o FC Porto é muito mais importante do que tudo o que pode acontecer”, pelo que uma ação desta “não poderia ter outro desfecho”.

Nesse sentido, António Oliveira faria a mesma coisa. Mais: como ex-treinador, fê-lo.

“Eu não digo que faria a mesma coisa. Digo que fiz. Não vou falar, porque a história ‘prescreveu’. São decisões que um líder, um comandante, tem de tomar, porque se não o fizesse o treinador perderia completamente o controlo da equipa”, referiu, na quele programa da RTP.

Porém, mais tarde, Oliveira acabou por contar essa história. “É a última vez que vou falar de mim. Tive uma cena assim. Não se eram três ou quatro. Mandei-os para a bancada. Estava a perder 3-0 e ganhei 4-3, em Leiria. Não eram quatro juniores do FC Porto. Eram dos quatro melhores da equipa. E mandei-os para a bancada por muito menos…", revela.