Portugal
Leandro Resida: um "histórico" do Ajax com muito a provar nas margens do Sado
2018-07-15 14:00:00
Leandro Resida treina-se à experiência no Vitória FC, um homem que ficou para sempre ligado à história do Ajax.

Em Setúbal, por esta altura, há um homem em particular com muito a provar. Esse homem é Leandro Resida. Aos 28 anos, é nas margens do Sado que o extremo holandês - de ascendência surinamesa - tenta relançar a carreira depois de uma temporada 2017/18 em que, ao serviço de RKC Waalwijk, primeiro, ou do Al-Suwaiq, depois, raramente jogou. Na verdade, Resida não joga um encontro oficial desde setembro de 2017 por ocasião da primeira ronda da Taça da Holanda quando jogou 45 minutos contra o Sparta Roterdão. Longe, por isso, vão os tempos em que Resida era um promissor talento da famosa academia do Ajax e que em 1996 ficou mesmo ligado, para sempre, à história do gigante holandês.

Por esta altura, Leandro Resida é um dos vários jogadores do Vitória FC que tentam convencer Lito Vidigal a estar nas escolhas do técnico para a próxima temporada. Ainda à experiência no Bonfim, Resida tem, por isso, mais a provar do que muitos outros. Afinal, tenta em Portugal relançar a carreira que estagnou nas duas temporadas anteriores apesar de até ter contribuído para o título da segunda divisão holandesa para o VVV Venlo em 2016/17, temporada à qual chegou depois de outras três, no FC Emmen e já em Venlo em 2015/16, de bom nível na segunda divisão holandesa. Em 2015/16, por exemplo, Resida participou mesmo em seis golos e dez assistências nos 33 jogos que efetuou ao serviço do Venlo que ficou à porta da subida de divisão que chegou na temporada seguinte.

Entre 2013 e 2016, Leandro Resida foi uma das figuras da segunda divisão holandesa, porém, o espaço de Resida começou a fechar-se na temporada 2016/17 ao ponto de em 2017/18 praticamente ninguém o ter visto sobre um qualquer relvado. Junto à ala direita e a servir os companheiros, desequilibrando pelo corredor como tão bem sabe fazer. Como aprendeu em Amesterdão, nas escolas do Ajax, clube ao qual ficou ligado historicamente para sempre mesmo que nunca tenha conseguido vestir a camisola do famoso emblema holandês como profissional.

Amesterdão, agosto de 1996. Numa reedição da final da Liga dos Campeões do ano anterior, Ajax e Milan encontraram-se em Amesterdão para inaugurar a nova casa do emblema holandês. Por esta altura, na Europa, dificilmente se encontravam duas equipas melhores. A cúpula do futebol mundial reuniu-se, pela segunda vez em poucos meses, mas desta vez o Milan vingou-se. À vitória holandesa de 1995, o Milan serviu, em 1996, num dia que se queria de festa para o Ajax, uma vingança dura e fria. No jogo de inauguração do Arena Amesterdão, o Milan foi a casa do Ajax vencer por 3-0.

A ligação entre Milan e Ajax é profunda, tal qual é a de Leandro Resida com o emblema holandês. O extremo nascido em Amesterdão, filho de pais do Suriname, como tantos outros como Davids ou Seedorf, não esquecendo Jimmy Floyd Hassenbaink, ele mesmo, fez também história nesse dia. Como membro mais novo da academia do Ajax na altura, com seis anos, a Leandro Resida coube a honra de entrar em campo ao lado das estrelas de Ajax e Milan que inauguraram a nova casa do Ajax. Ao lado, também, de Wim Schoevaart, o mais velho da academia do Ajax na altura.

Naquele dia, Leandro Resida ficou para sempre ligado à história do Ajax sem que o tenha voltado a conseguir fazer anos mais tarde. Na saída para o escalão sénior, Resida não encontrou espaço no futebol profissional - chegou a estar à experiência no Yeovil Town da terceira divisão inglesa - e foi ao serviço do Quick Boys e FC Chabab dos escalões amadores do futebol holandês que prosseguiu a carreira até, por fim, em 2012, chegou finalmente à segunda divisão holandesa pela mão do Telstar onde, também finalmente, começou a dar nas vistas para nas três temporadas seguintes se afirmar como figura da competição, lutando pela promoção à Eredivisie ao serviço do Emmen e do VVV Venlo que, por fim, festejou, em 2016/17.

2016/17 acabou então por ser uma temporada agridoce para Leandro Resida. Depois de um 2015/16 de grande influência na equipa de Venlo, Resida perdeu espaço na equipa que acabou campeã da segunda divisão holandesa nessa temporada. Inicialmente surgindo do banco de suplentes, a espaços, nos períodos finais dos encontros e, à medida que a temporada avançou, não saindo sequer do banco de suplentes. Um ocaso que acabou por ter o seu expoente máximo em 2017/18 da qual não existem grandes registos de Resida, quer na Holanda ao serviço do RKC Waalwijk, quer ao serviço do Al-Suwaiq de Omã na segunda metade da temporada passada.

Em 2018/19, Resida tem, por isso, muito a provar e em Setúbal que aos 28 anos procura relançar a carreira. Frente ao Napredak e ao Benfica surgiu na equipa principal de Lito Vidigal e prometeu. Deixou boas indicações que podem levar Lito Vidigal a assinar com o extremo direito holandês. Hoje, Resida ainda não sabe explicar porque o que correu mal em Amesterdão. “Nunca o compreendi realmente. No último ano, o mais importante, dei tudo o que podia por isso não me posso culpar do que seja. Em dezembro, na altura, falei com o Jan Olde Riekerink, então diretor do futebol jovem do Ajax, e ele deixou-me com grandes esperanças de estar perto de garantir um contrato profissional. Depois falei novamente com ele em maio e aí foi me dito claramente que não iria assinar. Nunca me deram uma explicação para a rejeição. Foram sempre muito vagos”, afirmou Resida em entrevista ao Voetbal Centraal em 2013.

“Penso que sou um jogador atraente. Procuro usar a minha velocidade como arma e sirvo muito os meus colegas. Penso que essas são as minhas grandes qualidades”, definiu-se também Leandro Resida. O futuro dirá se Resida ainda vai a tempo de deixar marca no futebol português e, hoje, o “histórico” do Ajax é o homem do Sado com mais a provar. Vai um aperitivo?