Portugal
Caio Lucas, o "Baixinho" que esteve para virar japonês
2018-10-11 16:00:00
Extremo brasileiro está referenciado pelo FC Porto, que já encetou contactos com os empresários

Chama-se Caio Lucas Fernandes, é brasileiro, joga no Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, e está referenciado pelo FC Porto, que numa tentativa de acautelar o futuro face à mais do que provável saída de Brahimi (o argelino termina contrato a 30 de junho de 2019) já encetou contactos com o extremo brasileiro de 24 anos. "Os meus empresários estão conversando com o FC Porto. É um clube grande, qualquer jogador tem vontade de jogar lá e comigo não é diferente. Ficou feliz pelo meu nome estar a ser falado em clubes como o FC Porto. Qualquer jogador ficaria feliz com isso, pois jogar na Europa é um sonho", referiu o jogador.

Na senda de Hulk, Caio Lucas também deixou o Brasil muito jovem para tentar a sorte no futebol japonês, depois de ter sido dispensado do São Paulo, onde chegou proveniente do modesto América de Araçatuba, do Rio Preto, e jogou com Lucas Moura, atualmente no Tottenham. Por ser muito pequeno (tinha menos de um metro e meio) ganhou a alcunha de "Baixinho". Não demorou, no entanto, muito tempo a dar nas vistas ao ponto de passar a ser conhecido como o "Neymar do Japão". Por duas razões: "Por gostar de ir para cima dos adversários e de fazer gracinhas", como costuma contar, e por ser fã de... tatuagens. 

O tempo deu, assim, razão aos responsáveis do Colégio Internacional de Chiba, que decidiram apostar na sua contratação com apenas 16 anos. Trataram da devida integração no Japão, colocando o talentoso extremo a estudar e pouco depois tiveram a devida recompensa com a transferência de Caio Lucas para o Kashima Antlers, que ganhou a corrida ao Tokyo Verdy. No grande japonês fez mais de uma centena de jogos, ao longo dos quais apontou 27 golos. Logo no primeiro ano, em 2014, foi distinguido como o melhor jovem do ano da J-League e na época seguinte revelou-se importante na conquista da Taça do Imperador. O sucesso de Caio foi de tal ordem que foi convidado para representar a seleção japonesa.

Todavia, o extremo que despertou a atenção do FC Porto, acabou, a meio de 2016, por rumar aos Emirados Árabes Unidos, no sentido de representar o Al Ain, onde vem superando os registos que ostentava no futebol nipónico: em 90 jogos, somou 38 golos, o último dos quais obtido esta quarta-feira no triunfo de 2-0 frente ao Al Jazira. São mais 11 golos em menos sensivelmente uma dezena de jogos. Esta temporada já soma sete remates certeiros em nove desafios.

Caio Lucas é dextro, mas gosta de jogar a partir da esquerda, através de constantes deambulações que muitas vezes resultam em golo, como demonstram os registos da sua carreira, nunca tendo ficado uma época abaixo da meia dúzia de golos. Trata-se, sobretudo, de um jogador criativo, que alia a técnica à rapidez. É extremamente participativo nos movimentos atacantes e gosta de ter bola, não fica preso a marcações e costuma recuar entre as linhas da sua equipa para receber a bola de frente para o adversário. Com ela nos pés procura sempre a tabela e a infiltração, tendo como forte caraterística a velocidade. "É um jogador veloz, que protege muito bem a bola", explica Toninho Cerezo, o primeiro treinador de Caio no Kashima Antlers, acrescentando: "Ele joga mais como médio/extremo pelo lado esquerdo, mas é dextro. Só precisa de ter um pouco mais de visão de jogo e aproveitar melhor o remate, porque chuta muito bem, a desviar a bola do guarda-redes."

No Al Ain, Caio é o único brasileiro, mas nem isso dificultou a sua adaptação. O extremo vai, agora, ter com quem falar português, uma vez que o ex-sportinguista Rúben Ribeiro já foi confirmado como reforço da equipa dos Emirados Árabes Unidos. O facto de terminar contrato no final da época é uma questão de enorme peso caso o processo negocial entre o FC Porto e o Al Ain conheça algum entrave nos tempos mais próximos.