O FC Porto nega que tenha roubado segredos de negócio ao Benfica. Pela voz de Francisco J. Marques, o clube portista diz ainda que o juiz Eduardo Pires, autor do acórdão no caso dos emails, se baseou nos "valores do Benfiquistão" para aplicar multas aos dragões. "Como é óbvio, o FC Porto não roubou segredos ao Benfica. Isto é o que se chama embrulhar uma notícia com seis meses", começou por explicar o porta-voz portista, lamentando que o assunto tenha voltando a ser falado na imprensa sem que, a seu ver, tenham existido novidades entretanto.
"Tem que ver com a decisão do Tribunal sobre a ação cível do caso dos emails. É embrulhar para tentar trazer para atualidade um assunto que não é da atualidade", referiu Francisco J. Marques, em declarações no programa Universo Porto da Bancada, no Porto Canal, onde criticou a decisão do juiz.
"O FC Porto e eu próprio fomos condenados em primeira instância por um juiz benfiquista. O Benfica, que anda sempre a queixar-se da justiça a norte, teve a sorte de lhe calhar um juiz benfiquista", salientou ainda o porta-voz azul e branco, não percebendo que tenha sido trazido para a agenda das notícias, recentemente, considerações sobre um acórdão do Tribunal da Relação do Porto (TRP) a respeito do caso dos emails.
E Francisco J. Marques teve oportunidade de explicar ainda que no recurso voltou a sorte a tocar às águias, segundo as suas considerações.
"Quem é que saiu? Saiu um sócio do Benfica desde 1968, há 55 anos e que se dá o caso de ser acionista da SAD do Benfica. Ninguém achou que devia ser afastado do processo, sendo que pelo meio foi convidado a visitar o Seixal", contou Francisco J. Marques.
O diretor portista diz que não entende como é que o juiz não foi afastado. "O que não pensariam as pessoas se um juiz acionista da PT fosse decidir ações em que a PT fosse parte?"
Para Francisco J. Marques isto acontece "só mesmo num país em que o Benfica está acima de tudo, não há uma pessoa com bom senso que ache isto normal."
Isto "chama-se ser juiz em causa própria", determinou Francisco J. Marques, insatisfeito com a decisão tomada pela justiça e pela forma como o processo tem decorrido.
Também os valores que a justiça determinou que devem ser pagos têm gerado descontentamento. Francisco J. Marques usa da comparação das vítimas dos incêndios na zona centro para traçar um paralelismo.
"O que é mais importante? A vida das pessoas ou a bruxaria do Benfica?"
"Uma morte vale 80 mil euros, divulgar os emails do Nhaga vale 340. Mas alguém acha proporcionalidade nisto? O que é mais importante? A vida das pessoas ou a bruxaria do Benfica?", perguntou Francisco J. Marques, alegando que "esta sentença é muito
questionável".
"E tem o pecado original e insanável, do meu ponto de vista, de ter sido proferida por um acionista da SAD do Benfica", concluiu Francisco J. Marques.
Recorde-se que o acórdão do Tribunal da Relação do Porto obrigou o clube liderado por Pinto da Costa a pagar um milhão de euros ao Benfica pela divulgação de emails do clube da Luz.
