Portugal
“Não sabíamos de rigorosamente nada”, diz Jaime Antunes
2021-07-14 16:15:00
Vice-presidente do Benfica confirma que negócio de venda de ações da Benfica SAD foi ocultado

O vice-presidente do Benfica Jaime Antunes revela, em declarações à Antena 1, que nenhum elemento da direção tinha conhecimento da venda de 25 por cento do capital da SAD. O negócio, que ainda não está concluído, foi confirmado pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em comunicado. Nos gabinetes da Luz, ninguém estava a par desse cenário. 

“O comunicado [da CMVM] confirma a existência de um contrato de promessa de venda. A venda não está concretizada. Mas, sim, todos nós, pelo menos que eu saiba, fomos surpreendidos com essa informação”, refere Jaime Antunes.  

O dirigente encarnado recorda que “o Benfica não é um clube inglês” e que “pertence aos sócios”. E assim continuará. “Daquilo que depender de mim, continuará a ser dos sócios. Aliás, nos termos dos estatutos o Benfica terá que ter sempre a maioria da SAD. Os estatutos são muito claros sobre isso”, afirma, tranquilizando os adeptos. 

A Benfica SAD comunicou na terça-feira, à CMVM, que José António dos Santos celebrou um acordo para vender a John Textor 25 por cento do capital social da SAD. A comunicação da Benfica SAD surge depois desta ter recebido informações do acionista José António dos Santos, conhecido como o ‘rei dos frangos’, relativas aos acordos firmados com o empresário norte-americano. 

José António dos Santos “outorgou com John C. Textor, dois acordos para venda de um total de 5.750.000 ações ordinárias, escriturais e nominativas, representativas de 25 % do capital social da Benfica SAD, condicionado ao pagamento” até 15 de setembro “do preço total acordado”, tendo sido adiantada a quantia de um milhão de euros, pode ler-se no comunicado. 

Jaime Antunes tem dúvidas sobre “as intenções” deste empresário. E reitera que a direção foi surpreendida. “Não sabemos as suas intenções, não sabemos o que é que pretende do Benfica, não sabemos por que razão investe uma quantidade de dinheiro tão grande para ter uma participação minoritária. Enfim, não sabíamos de rigorosamente nada, uma vez que fomos surpreendidos com essa informação, no dia de ontem”, refere. 

O vice-presidente encarnado refere também que Rui Costa, na qualidade de presidente em exercício do Benfica, “tem todos os poderes para fazer a gestão e a liderança da Direção como melhor entender”. 

“Nesse sentido, acho que todos nós, membros da Direção, temos estado unidos e as decisões têm sido tomadas sempre por unanimidade. E todos estamos unidos para dar ao Rui Costa, de facto, as condições para liderar o clube que neste momento estão bastante difíceis e com questões muito urgentes para tratar. 

Relativamente a Luís Filipe Vieira, Jaime Antunes destaca a amizade que nutre pelo presidente autossuspenso. “Não deixo cair os amigos. Eu sou amigo de Luís Filipe Vieira e quando ele tem os problemas que são públicos ele sabe que tem muitos amigos e os amigos, neste caso, não deixam cair as pessoas quando elas estão a enfrentar alguns problemas na sua vida pessoal”, aponta. 

No entanto, sublinha, “os problemas do senhor Luís Filipe Vieira são efetivamente do senhor Luís Filipe Vieira”. Jaime Antunes não confunde essa amizade com o dever de defender o Benfica, do qual não abdica. 

“Eu daqui mando-lhe uma palavra de solidariedade, no sentido de ele, em termos pessoais, resolver as suas questões. Agora, isso deve fazê-lo com total independência relativamente ao Benfica e os órgãos sociais do Benfica: Como vice-presidente do Benfica, o que tenho que dizer é que para a Direção do Benfica a única coisa fundamental que interessa é a defesa dos interesses do Benfica”, sublinha, fazendo um apelo aos associados. 

“Eu faço aqui um apelo aos sócios, aos benfiquistas, para que deem confiança a esta Direção. A Direção está imbuída de um espírito de serviço para defender os interesses do Sport Lisboa e Benfica”, concluiu.