Portugal
"Jesus continua a insistir muito, mas Everton é um desperdício de talento"
2021-09-15 10:20:00
Empate em Kiev compromete hipóteses do Benfica lutar com Barcelona, explica Pedro Henriques

O empate do Benfica em Kiev, com o guarda-redes Vlachodimos a emergir como ‘herói’ nos instantes finais, colocou um travão às maiores ambições do universo encarnado, uma vez que a vitória no confronto direto com o Dínamo seria a base para as águias poderem disputar o acesso aos oitavos de ifnal da Liga dos Campeões com o Barcelona.

A formação espanhola ‘cumpriu’ a previsão, sendo batida em casa pelo Bayern Munique, o  grande favorito deste Grupo E, mas o Benfica não conseguiu os três pontos, perdendo assim a hipótese de acompanhar os alemães na liderança. Na próxima jornada, o Barcelona desloca-se à Luz (dia 29 de setembro), mas tendo apenas um ponto de atraso para as águias.

“O Benfica perdeu uma boa oportunidade de ganhar e criar alguma confusão no grupo, aproveitando que as duas equipas muito mais fortes se bateram hoje, com o Bayern a vencer o Barcelona e a assumir a liderança”, resumiu Pedro Henriques, antigo jogador dos encarnados, no comentário aos jogos de ontem para o Grupo E da Liga dos Campeões.

O empate em Kiev foi ainda mais penalizador pela forma como o Benfica controlou a partida, mostrando ser bem superior ao Dínamo, que até viria a marcar nos descontos, num lance que seria anulado pelo videoárbitro por fora de jogo: “Se não consegue vencer o adversário mais frágil do grupo acaba por complicar um bocado as contas. Salvou o empate no final, mas pelo que fez durante o jogo todo o Benfica justificava ter vencido”.

Pedro Henriques apontou o cenário que mais agradava aos encarnados: com uma vitória em Kiev, o Benfica iria receber o Barcelona tendo três pontos de vantagem, o que colocaria a pressão em cima dos espanhóis. Um empate na Luz “seria o caos para o ‘Barça’ e o Benfica entraria verdadeiramente na discussão pela qualificação”, acrescentou.

No entanto, este quadro hipotético ruiu com o empate em Kiev, que colocou o Benfica em igualdade pontual com o Dínamo e reforçou a ideia de que as águias estão ‘condenadas’ a disputar o terceiro lugar com os ucranianos, com o Barcelona a acompanhar o poderoso Bayern na passagem aos oitavos de final.

“O empate não é um mau resultado, mas pela questão da Liga Europa o Benfica precisa de fazer quatro pontos com esta equipa”, insistiu o ex-defesa encarnado, em declarações na Sport TV.

Pelas ocasiões criadas e pelo domínio exercido, o Benfica até podia ter regressado da Ucrânia com os três pontos. Ainda assim, no entender de Pedro Henriques, Rafa foi o único a ‘carregar’ a equipa para a frente, mostrando ser “o único desequilibrador do Benfica”.

“O Jorge Jesus continua a insistir muito com Everton e o Everton não desequilibra. Uma equipa que só tem um jogador que desequilibra tem muitas dificuldades na Liga dos Campeões”, alertou: “O Grimaldo de vez em quando também cria esses desequilíbrios, mas o Everton não consegue criar nada. É um desperdício de talento, porque não consegue fazer a diferença”.

Everton não foi o único a mostrar-se abaixo do esperado. Otamendi, eleito o homem do jogo, “voltou a ter aqueles solavancos, aqueles erros estranhos que tem em algumas partidas”, apontou Pedro Henriques, virando depois a agulha para Yaremchuk: “Ainda continua atrás dos avançados que estão sentados. Gosto muito do Gonçalo Ramos, o Darwin precisa que o jogo tenha determinadas caraterísticas e de Carlos Vinícius não vale a pena falar, Jorge Jesus entendeu que não servia”.

Nesta jornada de estreia na Liga dos Campeões 2021/22, o Benfica mostrou que “precisa de evoluir muito” para se bater de frente com as melhores equipas do continente. Como exemplo, o ex-defesa referiu os lances de bolas paradas: “Faz aquelas combinações todas, muito bonitas, e não cria perigo, a bola não chega à área”.

“Apesar do Jorge Jesus fazer uma leitura diferente, Bayern e Barcelona são claramente melhores do que o Benfica. Pode acontecer o Barcelona vir à Luz e perder, mas não arriscaria apostar numa derrota do Bayern. Se não ficar em terceiro tem outro desastre europeu, pode surpreender e ficar em segundo, recuperando a dimensão europeia que já não tem há alguns anos”, concluiu Pedro Henriques.