Portugal
“A lei foi alterada por causa do Sporting”, explica Pedro Henriques
2021-09-16 11:25:00
Anulação do golo do Taremi é correta e não houve penálti, de acordo com o ex-árbitro

O golo anulado a Taremi, aos 80 minutos, marcou o empate do FC Porto na visita ao Atlético de Madrid, para a jornada inaugural do Grupo B da Liga dos Campeões. Os dragões contestaram a decisão, mas o árbitro romeno Ovidiu Haţegan acatou a indicação do videoárbitro (VAR), uma vez que o avançado iraniano tocou na bola com a mão ao cair no relvado, após o choque com Oblak.

O toque com a mão de Taremi foi “acidental”, mas foi o suficiente para justificar a decisão de anular o golo, com base numa “alteração muito recente” da “lei 12, página 98”. A explicação é do antigo árbitro Pedro Henriques, que recorda um jogo do Sporting em 2014, diante do Schalke 04. Um jogo de má memória para os leões...

A 22 de outubro de 2014, o Sporting perdeu por 4-3 em Gelsenkirchen, para a terceira jornada da Champions. Maurício foi expulso aos 33 minutos e o Schalke 04 empatou (2-2) com uma assistência de Huntelaar em fora de jogo, mas o pior estava guardado para os descontos. Estava 3-3 quando Huntelaar cabeçeou contra a cara de Jonathan Silva e um árbitro assistente, Vitali Meshkov, assinalou um toque com o braço ao lateral do Sporting. Penálti e 4-3 para o Schalke 04, que seria decisivo para os alemães seguirem em frente na Champions, com o Sporting a cair para a Liga Europa.

“Taremi toca na bola com a mão direita, quase na zona do pulso. Pela alteração da lei, este golo tem que ser anulado. A lei foi alterada por causa do Sporting, isso deu grande polémica. Uma vez, o Sporting foi eliminado numa fase de grupos pelo Schalke04 num jogo em que há um golo obtido com a mão, também sem querer”, recordou Pedro Henriques.

“Levantou-se a questão das mãos e foram os treinadores, nas reuniões em março que a FIFA organiza, que pediram isto”, continuou o ex-árbitro, ao explicar o lance na TVI24: “É uma alteração que vem dos pedidos dos treinadores”.

Reforçando que “é uma alteração muito recente”, Pedro Henriques frisou que “não conta a intencionalidade”. “Sempre que um jogador toca a bola com a mão ou o braço mesmo sem querer – e o termo [na lei] é ‘acidental’ –  e se a bola entrar diretamente ou logo a seguir (se o jogador dá mais um ou dois toques) esse golo tem que ser anulado. O árbitro não consegue ver o lance da mão, aqui o VAR tem um papel muito determinante”, insistiu.

Nesse mesmo lance, o FC Porto questionou uma eventual grande penalidade, por derrube de Oblak a Taremi. Isto porque foi na sequência da queda que o avançado iraniano tocou na bola com a mão direita. Também aqui a decisão da equipa de arbitragem foi a correta, no entender do ex-árbitro português.

“O Oblak faz uma mancha e está parado, tem a sua posição conquistada. Não se esticou para tirar a bola ao ser contornado”, explicou: “O Oblak põe-se de joelhos, faz a mancha e está parado no chão, o Taremi vai para cima dele. É diferente do lance em que o guarda-redes sai e é contornado, aí se tocam no pé do avançado é penálti”.

“Aqui não há penálti e de acordo com a alteração, página 98, lei 12, o jogador do FC Porto toca a bola involuntariamente com a bola, logo o golo é anulado. E não há penálti porque é o Taremi que estica o pé direito e vai contra o guarda-redes que tem a posição ganha, até está de joelhos, não tem que sair daquele lugar. O Oblak nem se mexe, ajoelhou e ficou”, concluiu Pedro Henriques.