Uma jogada individual pode decidir um jogo. E até pode decidir um título. Uma jogada individual pode quebrar um coletivo e faz acender a luz quando ela parecia faltar. Embora a matemática tenha peso na ciência, o futebol pode até ser uma delas, mas não é coisa exata e tudo pode acontecer. Alguns dizem que essa é a magia da bola.
Ainda que muita literatura exista sobre futebol, a linha de pensamento pode ser distinta mas quase todas focam um pormenor importante: dificilmente muitas jogadas individuais podem ter sucesso perante um coletivo coeso, fortalecido e robusto.
É no ligar das partes feitas uma só que muitas vezes se revelam os sucessos. É no balneário e na sua união que os golos começam a ser desenhados por tantas e tantas vezes.
A relva dos tronos, o balneário a moldar herdeiros no Pêro Pinheiro
É na relva que se atribuem os tronos, mas é no balneário que se moldam os herdeiros.
O balneário, esse território sagrado, profundo, indizível e impossível descrevê-lo tantas vezes, feito e carregado de um sentimento de família. E quando assim é, as paredes são indestrutíveis.
É certo que por vezes a casa tem de andar às costas, mas a força que segura o balneário é o algodão que tudo mostra.
O Jogo do Povo viajou para sul para conhecer o Pêro Pinheiro e com Miguel Rodeia, defesa do emblema que milita na Liga 3, foi conhecer a realidade da equipa que faz do balneário a sua ‘fortaleza’.
“Jogo futebol desde os meus 6 anos de idade e já passei por alguns clubes tanto na formação como no futebol sénior. Uma coisa que eu aprendi, e que comecei a valorizar cada vez mais, foi a união e a cumplicidade dentro de um grupo de trabalho”, começou por contar Miguel Rodeia, em declarações ao Bancada.
Nesse sentido, o futebolista explica que o segredo do Pêro Pinheiro é o balneário. “Vou dar o exemplo do trajeto do Pêro Pinheiro na época passada onde o objetivo sempre foi garantir a manutenção no Campeonato de Portugal o mais rapidamente possível. Já passei por muitos grupos e muitos deles bons, mas aquele que tínhamos o ano passado nunca tinha tido e foi o melhor até hoje”, reconheceu Rodeia.
“Foi claramente a razão de termos conseguido a subida de divisão, pois o companheirismo era tanto que dávamos tudo uns pelos outros. Acho que foi o que aprendi mais e comecei a pensar que equipa que tenha um grupo forte e unido está sempre mais perto de ganhar”, observou o jogador do emblema sintrense que procura a manutenção na Liga 3.
“Os objetivos do Pêro Pinheiro agora, e desde o início da época, passam por garantir a manutenção. Queremos muito ganhar estes jogos finais para cumprirmos o objetivo”, indicou o jogador o Pêro Pinheiro.
Pêro Pinheiro joga Liga 3 em casa do Sintrense
O Jogo do Povo percebeu também que a equipa que tradicionalmente tem feito os seus jogos na casa emprestada pelo Sintrense tem vindo a enfrentar uma competição desafiante.
“A Liga 3 é muito competitiva e com jogadores de muita qualidade. Ambas as séries são sempre muito equilibradas e renhidas, o que torna muito emocionante cada jogo, onde qualquer equipa tem a possibilidade de ganhar a qualquer outra, independentemente da classificação onde estejam”, analisou o jogador do Pêro Pinheiro, que divide os palcos da Liga 3 com as cadeiras da faculdade.
Desse modo, a vida de jogador obriga a uma ginástica não apenas dentro de campo, mas também fora dele no que toca aos horários, ainda que o curso esteja ligado à prática desportiva.
“Estou a tirar treino desportivo na Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Um curso que me dá abertura em muitas áreas ligadas ao desporto, nomeadamente ao futebol e que penso que passe por aí o meu futuro”, vaticinou o defesa do Pêro Pinheiro, ele que é um dos animadores de serviço no grupo, ainda que possa ser também a ‘vítima’, como daquela vez em que Francisco Enes, o guarda-redes, jogou ‘ao ataque’.
Cuidado com o guarda-redes paparazzi
“Para além do futebol gosto muito também de jogar ténis, é um desporto que de vez em quando pratico. E uma vez fui jogar ténis com o Enes e estivemos durante muito tempo a debater quem era o melhor, até que fomos jogar”, relatou Rodeia, em declarações ao Jogo do Povo.
“Quem acabou por ganhar foi o Enes e eu, de tão competitivo que sou, fiquei numa azia enorme. Nesse preciso momento em que estava chateado ele tirou-me uma foto e guardou. No treino seguinte no Pêro Pinheiro, eu chego ao balneário e tenho essa foto colada em todo o lado! Ele tinha imprimido essa foto a preto e branco e colou-a no chão, nas paredes, em cima da mesa de ping pong que temos no balneário”, recordou Rodeia, entre sorrisos, lembrando que o guarda-redes fez “mais de 40 impressões”.
O futebol vive muito da cumplicidade que se cria entre o grupo de trabalho e nos desafios que se fazem diariamente. Mas o futebol também é feito de inspirações. E para Miguel Rodeia há um jogador acima de todos os outros.
Nome: Clube Atlético Pêro Pinheiro
Associação: AF Lisboa
Estádio: Sport União Sintrense
“Sempre gostei muito do Cristiano Ronaldo, não só por ser português mas também pela carreira que teve e ainda tem, mas também pela sua atitude e maneira de trabalhar”, reconheceu o jogador do Pêro Pinheiro, destacando que sonhava cruzar-se com o capitão da Seleção Nacional num jogo qualquer.
"O que me tira do sério no futebol é a falta de honestidade e de seriedade por parte de algumas pessoas e instituições, falta de companheirismo e união também"
“Vai ser um bocadinho difícil mas é o jogador que sempre sonhei jogar ou defrontar”, contou Rodeia, em declarações ao Bancada.
Aos 23 anos, o defesa ainda procura um espaço de destaque no futebol, mas está ciente de que há coisas neste desporto que apaixona milhões com as quais não se identifica.
“O que me tira do sério no futebol é a falta de honestidade e de seriedade por parte de algumas pessoas e instituições, falta de companheirismo e união também”, vincou o defesa, que fora dos compromissos do Pêro Pinheiro não perde uma boa sessão de cinema ou um joguinho de padel ou ténis. Se for contra o Francisco Enes, cuidado com os paparazzi.