Grande Futebol
“Novo” Milan já gastou 135 milhões e promete mais, mas San Siro pede craques
2017-07-09 11:00:00
Gigante italiano tenta voltar aos lugares de topo da Serie A, tendo já assegurado sete reforços para a nova época

A entrada de Li Yonghong foi um aviso prévio para a revolução que iria acontecer no “novo” – termo que a comunicação do clube faz questão de frisar - Milan. O investidor chinês e novo propietário passou das palavras aos atos e começou cedo a agitar o mercado e a revolucionar o plantel dos “rossoneri” para 2017/18. O emblema italiano já garantiu sete reforços, tendo para isso desembolsado 135 milhões de euros. Mas, para já, a torneira do dinheiro asiático promete não fechar. São muitos os nomes ainda associados ao clube, o último dos quais o de Aubameyang. Tudo com o objetivo de voltar ao topo da Serie A.

“Espero que o Milan volte aos velhos tempos”, afirmou Marco van Basten, no sábado à Sky Sport Italia, que certamente se referia às épocas em que ajudou a conduzir o emblema milanês ao topo do futebol italiano e europeu. O antigo goleador holandês classificou como positiva esta nova política do AC Milan. “É bom para todos o facto de o Milan estar a comprar muitos craques. Mais equipas fortes… melhor para Itália. Espero que façam uma boa época”, desejou Van Basten.

A última das contratações dos “rossoneri” foi Andrea Conti, lateral direito de cariz ofensivo que brilhou na última época ao serviço da Atalanta, apontando oito golos, e que representou recentemente a Itália no Europeu Sub-21. Terá custado 25 milhões aos cofres do Milan, o que aumentou exponencialmente o investimento já feito. Sete reforços custaram 135 milhões de euros, com o mais caro até ao momento a ser o português André Silva, que custou 38 milhões – valor que pode aumentar consoante objetivos futuros.

A San Siro chegaram ainda Çalhanoglu (22 milhões ao Bayer Leverkusen), Musacchio (18 milhões ao Villarreal), Ricardo Rodríguez (18 milhões ao VFL Wolfsburg), Kessié (oito milhões à Atalanta, num negócio que vai chegar aos 28 milhões) e Borini (empréstimo do Sunderland, com obrigatoriedade de compra por seis milhões). De todos, há um que agrada especialmente a Van Basten: “André Silva, é um bom jogador”.

Mais a caminho

No entanto, esta política gastadora parece não agradar a todos. Zvonimir Boban, outro histórico jogador do clube, não está convencido com as contratações. “Não me convencem muito. Acredito que tenham comprado bons jogadores, mas ainda não vi um que seja excelente. E em San Siro vais ter dificuldades se fores apenas um bom jogador”, apontou, recentemente, o antigo médio croata ao jornal italiano “Gazzetta dello Sport”.

O desejo de Boban até pode ser concedido pelos investidores chineses do Milan, pois no sábado a manchete do jornal “Corriere dello Sport” dava conta de o novo alvo ser o gabonês Aubameyang, que poderá estar de saída do Borussia Dortmund e que, certamente, custará muitos milhões ao clube que o contratar – algo que não parece problema para este "novo" Milan. Uma notícia que vai ao encontro da garantia dada pelo técnico Vincenzo Montella, de que o clube ainda procura mais um avançado, quando confirmou o interesse no croata Kalinic, da Fiorentina.

Mas os intentos dos “rossoneri” não se ficam somente pela frente de ataque. A imprensa italiana dá conta da possibilidade das contratações de Biglia (Lazio) e Cuadrado (Juventus) estarem perto de ser fechadas. O primeiro é esperado em Milão para fazer exames médicos e deverá custar (mais) 15 milhões de euros. O preço do segundo pode ascender os 20 milhões – valor pago no final da época pela Juventus para o ter a título definitivo – e o seu empresário já foi visto nas instalações do AC Milan.

A cair após a era Allegri

O AC Milan também já começou a tratar das saídas. Honda e Poli deixaram o clube a custo zero, após terminarem contrato. Matías Fernández, Deulofeu, Ocampos e Pasalic terminaram o período de empréstimo. O guardião Diego López saiu a título definitivo para o Espanyol a troco de um milhão de euros e a ida de Kucka para o Trabzonspor rendeu cinco milhões. Mais se devem seguir, com a principal dúvida do momento a estar em torno da renovação do guarda-redes Donnarumma. A hipótese da promessa “rossonera” sair já neste defeso existe, mas o clube parece estar precavido, pois em Espanha foi revelado o interesse em Sergio Rico, internacional espanhol que atua no Sevilha FC.

Toda esta revolução no plantel do Milan – curiosamente no banco não houve mudanças após a chegada de Li Yonghong – aponta para o regresso do histórico clube ao topo da Serie A. Para isso é preciso melhorar o registo das últimas quatro épocas, onde a melhor classificação foi o sexto posto da última temporada. Antes disso andaram entre o sétimo (2015/16), o décimo (2014/15) e o oitavo lugar (2013/14). Um registo em nada condizente com o historial do clube.

Curiosamente o descalabro deu-se após a saída de Massimo Allegri do comando técnico. O mesmo treinador que acabou por conduzir a Juventus à conquista dos últimos três títulos italianos. Allegri foi o último treinador a levar o AC Milan a conquistar a Serie A, o que aconteceu em 2010/11, na época de estreia em San Siro. Depois disso, foi vice-campeão em 2011/12 e terceiro classificado em 2012/13. A meio da época 2013/14 acabou por dar o lugar a Seedorf, o que resultou no tal oitavo posto. A partir daí deu-se a queda do clube, que agora está a ser amparada pelo milhões chineses que prometem agitar ainda mais o defeso.