Prolongamento
"Deixem de ser picuinhas. Os jogadores dão-se bem fora de campo", diz Gonçalo
2019-07-15 14:55:00
Avançado recorda mensagem a Jonas e fala do clima que "tem de mudar" a "bem do futebol"

Gonçalo Paciência, jogador formado no FC Porto, deixou uma mensagem de agradecimento a Jonas, na semana passada, por altura da confirmação do adeus aos relvados do 'Pistolas'. O avançado português admitiu que esperava as reações que a publicação teve mas diz que queria "tentar dar um exemplo de fair-play".

"Não vou ser eu que vou mudar o mundo, mas tentei, de alguma forma, que as pessoas olhassem para o futebol português de outra forma", disse Gonçalo Paciência, lembrando que na última temporada até teve um desentendimento em campo com o brasileiro.

"Admiro o Jonas, joguei contra ele, no último jogo até tivemos aquela picardiazinha, aqui na Alemanha". Mas isso ficou dentro das quatro linhas. Fora delas, o português espera um ambiente diferente do que aquele a que se vai assistindo mas diz que, se ainda fosse jogador dos portistas  "claro que não o faria" a publicação.

"Se calhar teriam dito para não colocar nada ou, por jogar lá, eu saberia que, se o fizesse, iria ter problemas".

Em entrevista ao 'Expresso', Gonçalo Paciência explica que "dentro do campo claro que há sempre picardias, mas, fora do campo, todos se dão bem" e recorda que "não é de agora" dado que no tempo em que o pai, Domingos, pontificava no ataque do FC Porto, até passava férias junto com Mozer, patrão da defesa do Benfica, nos idos anos 90.

É com este exemplo que Gonçalo procura combater o estado atual das coisas, que lamenta. "As pessoas estão muito obcecadas por este tipo de coisas, por violência. Parece que se está a criar uma guerra."

Daí que, para Gonçalo, só existe uma solução. "Este clima tem que se alterar."

O avançado português, atualmente a jogar na Bundesliga, fala da diferença de realidade que encontrou em território germânico em comparação com o que estava habituado em Portugal.

"Na Alemanha, para dar esta entrevista, nem sequer disse nada à pessoa que trata da comunicação, porque ele certamente que ia dizer ‘à vontade’ (...). Estive no FC Porto muitos anos e sempre foi complicado dar entrevistas, porque há a televisão do clube e há isto e há aquilo", lembrou, falando até da abertura que existe para os adeptos e imprensa assistir aos treinos.

"Aqui e os treinos são sempre à porta aberta, há pessoas a ver os treinos - jornalistas e adeptos - e nunca há problemas de violência ou seja o que for. É tudo muito mais natural. Vive-se o futebol e isso sente-se."

Gonçalo Paciência pede uma nova forma de olhar para o futebol, em Portugal. "Há que ser mais livre, falarem mais e deixarem de ser tão picuinhas" dado que "as pessoas estão obcecadas" por este clima.