Matheus Pereira e Raphinha estiveram em particular destaque no 4x3x3 adotado por José Peseiro diante do Neuchatel Xamax que acabou por culminar numa derrota por 2-1. Os dois extremos conferiram profundidade ao futebol leonino, revelando-se igualmente importantes no jogo mais interior, na criação de desequilíbros durante a primeira parte, o melhor período dos leões. Foi, aliás, desta forma, que o Sporting desfrutou das principais oportunidades, golo incluído. Aos 16 minutos, o grande trabalho de Matheus Pereira na direita (ultrapassou um adversário, desceu até à linha de fundo e cruzou atrasado) teve eco nos pés de Raphinha, que rematou forte para boa defesa do guarda-redes suíço. Meia dúzia de minutos depois a dupla voltou novamente a dar e a baralhar as cartas com o ex-flaviense a lançar o ex-vitoriano para um remate na passada que saiu à figura de Walthert. Mas não se ficou por aqui a influência dos dois jogadores que à passagem da meia hora invertarem os papéis. Desta feita, foi Raphinha a assistir Matheus Pereira para um forte remate que por pouco não deu golo.
O aspeto mais prometedor do 4x3x3 formulado por Peseiro passou por este particular, pela expressão que esta dupla conseguiu dar ao jogo dos leões, que utilizaram um trio no meio campo com Petrovic e Misic mais recuados e Wendel um pouco mais adiantado no apoio mais efetivo a Montero, o ponta-de-lança escolhido para iniciar o desafio. Pouco utilizado com Jorge Jesus no comando técnico do clube de Alvalads, o médio brasileiro funcionou como uma espécie de "pivot" do jogo leonino. Da equipa titular do Sporting na última temporada, somente Piccini iniciou o encontro na condição de titular, na lateral direita, com Jefferson (um regresso) no flanco oposto. Marcelo fez parceria na zona central do sector mais recuado ao lado de André Pinto, com Salin na guarda da baliza.
José Peseiro optou por efetuar quatro alterações ao intervalo: Viviano, Ristovski, Jonathan Silva e Palhinha surgiram nos luagres de Salin, Piccini, Jefferson e Petrovic. O italiano mostrou credenciais e na primeira intervenção evitou o golo do Neuchatel, após erro crasso de Palhinha, mediante uma estirada de excelente nível. O mesmo sucedeu ao minuto 59 com nova intervenção de nível a evitar o que se pronunciava: o golo que acabou por ditar a vitória da equipa suíça. Após um tremendo erro de Wendel, que perdeu a bola em terreno proibido, Kareln isolou-se e bateu Viviano, a principal figura da equipa na segunda parte, o que diz bem da produção leonina nesta fase. José Peseiro foi substituíndo todos os jogadores, um a um, pelo que os leões finalizaram o encontro com um onze sem nada a ver com aquele que iniciou o jogo. Só para se ter uma ideia Ristovski terminou como médio interior e Jonathan Silva como ala. A equipa terminou com quatro laterais em campo (Ristovski, Bruno Gaspar, Jonathan Silca e Lumor) e perdeu necessariamente ligação entre os sectores, jogando de forma bastante desgarrada. Viveu de um ou outro lampejo individual, como foi o caso de Jovane Cabral, o único a conseguir criar desequilíbrios no segundo tempo.
De resto, até o onze que começou o desafio está muito longe daquele que José Peseiro idealiza. Bruno Fernandes e Nani ainda não foram opção, tal como Coates e Acuña, que só chegam mais tarde devido à presença no Mundial, e Mathieu, que embora na Suíça foi resguardado por problemas de ordem física. Um factor de consolação depois de uma exibição pobre em que a equipa só conseguiu jogar em posse nos primeiros 45 minutos. Há muito, mas muito trabalho pela frente no reino do leão.
Neuchatel Xamax-Sporting, 2-1 Montero (3’), Cicek (5’) e Karlen (63')
Sporting: Salin (Viviano 46'); Piccini (Ristovski, 46'), André Pinto (Domingos Duarte, 76'), Marcelo (Demiral, 76') e Jefferson (Jonathan Silva, 46'); Petrovic (Palhinha, 46'), Misic (Ryan Gauld, 74') e Wendel (Bruno Gaspar, 70'); Matheus Pereira (Jovane Cabral, 68'), Raphinha (Lumor, 66') e Montero (Castaignos, 64').
