Grande Futebol
Só Salvio a fazer calor foi pouco para derreter o gelo russo e evitar o desastre
2017-11-22 19:30:00
Salvio colocou calor no jogo, empurrou a equipa para a frente, mas a desinspiração coletiva do Benfica foi total.

Se o Benfica chegou à Rússia a necessitar de um pequeno milagre para seguir em frente, não só na Liga dos Campeões, como para a própria Liga Europa – dado o que vinha fazendo até então na prova milionária -, a imagem deixada em Moscovo esteve longe de ser a de uma equipa com urgência em inverter o ciclo negativo que tornou no emblema encarnado o pior cabeça de série da história da competição. Nunca uma equipa sorteada a partir do pote um da Liga dos Campeões demonstrou tão pouco na fase de grupos da competição. Em Moscovo, o Benfica foi, pelo menos, consistente. Voltou a perder e pouco mostrou para que tal pudesse não acontecer.

Em Moscovo o Benfica voltou a perder e ficou arredado, de vez, da luta pela continuidade nas competições europeias desta temporada. Pelo meio, conseguiu ficar em branco perante um CSKA que, com Akinfeev na baliza, há 43 jogos caseiros consecutivos na Liga dos Campeões sofre pelo menos um golo. O Benfica não marcou e, hoje, só por uma vez o podia ter feito, lance no qual Jonas até nem conseguiu rematar à baliza. Teria sido a melhor resposta possível do Benfica ao golo do CSKA, um lance que em muito definiu aquilo que foi a exibição do Benfica em Moscovo: precipitada e desinspirada. Por essa altura, já Vitinho tinha assustado e Schennikov colocado o conjunto russo na frente. Golo que se adivinhava dado o ascendente do CSKA na partida e a forma confortável com que trocou a bola no nunca verdadeiramente coeso bloco defensivo do Benfica. Bem pelo contrário.

Se ofensivamente o Benfica foi uma equipa desinspirada e privada de criatividade, nem defensivamente o conjunto de Rui Vitória compensou. A adaptação recente de Wernbloom, médio defensivo de origem, a ponta de lança foi justificada nas vezes consecutivas que venceu a batalha física à dupla de centrais do Benfica, servindo de referência e apoio frontal, fulcral aos médios mais ofensivos do CSKA. Os russos penetravam com alguma facilidade o bloco encarnado e só por uma vez cederam ao Benfica uma oportunidade de golo. Jonas, desastradamente, desaproveitou.

O Benfica nunca conseguiu assentar e encontrar o seu jogo e, no desespero, muito menos o conseguiu. Rui Vitória lançou Cervi, Jiménez e Zivkovic, quando o problema sempre estivera mais relacionado com a incapacidade do Benfica construir que em ter presença física no último terço do campo. Faltou cérebro ao Benfica, não número. Qualidade, não quantidade. O momento ofensivo foi desenvolvido sempre em esforço e de forma nervosa, quase tão nervosa quanto a organização defensiva que foi permitindo ao CSKA ser perigoso. Tal qual aconteceu no segundo golo onde Mário Fernandes, mesmo em situação de dois para um perante Eliseu e Cervi, conseguiu encontrar Vitinho na área. Jardel deu uma ajuda e o CSKA matou o jogo para o congelar de seguida. O Benfica até pareceu entrar na segunda parte com maior intensidade e urgência no momento sem bola, contudo, à medida que o jogo avançou o CSKA voltou a estar por cima, confortável e perigoso, chegando ao golo, mais uma vez, com naturalidade. Benfica continuou sem conseguir ligar e criar jogo, como nunca o faria até final.

Com o segundo golo o CSKA abdicou da posse de bola e concedeu a iniciativa de jogo ao Benfica, controlando confortável e facilmente a construção ofensiva da equipa de Rui Vitória que foi inofensiva exceto em apenas uma situação. O conjunto russo, pouco habituado a manter a folha limpa na Liga dos Campeões agradeceu. A Liga Europa, pelo menos, ficou garantida e o Benfica sai de cena com uma das piores prestações de uma equipa portuguesa na Liga dos Campeões. Salvou-se Salvio que, sozinho, tentou empurrar a equipa para a frente e terminou o encontro com mais dribles bem sucedidos que, até, algumas equipas completas durante a jornada de ontem.