Grande Futebol
Marco Paixão marcou mais que Ronaldo em 2017. "A minha droga é a motivação"
2017-12-27 21:00:00
Jogador do Lechia Gdansk admitiu ao Bancada que a Seleção Nacional é "o maior sonho"

"São estatísticas e números que estão aí, que não são mentira. Eu agarro-me um bocado a isso para manter a esperança de que um dia serei chamado à Seleção", disse Marco Paixão ao Bancada. O avançado do Lechia Gdansk, da Liga Polaca, foi o português com mais golos para o campeonato no ano civil de 2017 - marcou 25, estando à frente de Cristiano Ronaldo (19) - e ainda sonha com a primeira chamada da carreira à equipa de Fernando Santos, apesar dos 33 anos de idade. 

A passar as festividades em Sesimbra, de onde é natural, Marco Paixão falou com o Bancada sobre o ano que agora termina, a dupla com o irmão gémeo Flávio e, ainda, sobre o futuro, tendo em conta que o contrato com o Lechia Gdansk termina no final de junho.

A "droga" que o faz querer ser melhor todos os dias

No total, o avançado marcou 25 golos nos 36 jogos que realizou entre janeiro e dezembro, 14 deles em 2017/18 e os outros onze ainda em 2016/17. Aos 33 anos, Marco Paixão parece contrariar a tendência da idade e não apresenta quaisquer sinais de querer abrandar ou diminuir a quantidade de golos marcados - pelo contrário. 

"É especial para mim, para a minha família e para as pessoas da terra de Sesimbra. Eu cheguei aqui e toda a gente tem falado comigo, a dar-me os parabéns. É fantástico, é o reconhecimento do nosso valor e dos jogadores, como eu, que lutaram sozinhos contra tudo e contra todos e conseguiram ser alguém no futebol. É um prémio grande estar no topo com 33 anos. É espetacular", começou por referir Paixão ao Bancada.

A lista de melhores marcadores portugueses em jogos para os respetivos campeonatos em 2017 é liderada por Marco Paixão e o feito ganha ainda mais valor quando se repara no segundo classificado: nada mais nada menos que Cristiano Ronaldo, estrela do Real Madrid, capitão da Seleção Nacional e recentemente eleito melhor jogador do mundo pela quinta vez na carreira. Uma "referência" para Marco Paixão, que considera que CR7 vai regressar ao número de golos que nos habituou na Liga Espanhola já a partir de janeiro.

"É um motivo de orgulho grande, gigantesco. Deve ser a primeira vez, depois de muitos anos, que algum jogador ficou à frente do Ronaldo. Mas eu acho que o Cristiano, a partir do próximo ano, vai dar o salto e fazer golos como sempre tem feito. Para mim, ele é a maior referência do futebol mundial. Sei que o Cristiano não começou bem mas, seguramente, vai estar no topo outra vez. É o tempo perfeito para eu desfrutar deste momento", admitiu o futebolista que, em Portugal, representou GD Sesimbra e FC Porto B e que gostava de, daqui a um ano, voltar a ficar à frente do camisola sete dos 'merengues'. "Ninguém sabe o dia de amanhã, mas o Cristiano é o Cristiano. É preciso respeitá-lo, toda a gente o conhece. Mas Deus queira que sim, o meu objetivo é marcar o maior número de golos possível, mas toda a gente conhece o Cristiano. Ele é uma besta", frisou.

No Lechia Gdansk desde 2015/16, Marco Paixão é um dos jogadores mais queridos dos adeptos polacos (foto: Facebook Lechia Gdansk)

Mas, afinal, qual é a explicação para que Marco Paixão esteja cada vez melhor à medida que o tempo passa? O segredo está numa "droga" que os futebolistas utilizam para se superarem a cada dia que passa. E Paixão utiliza essa droga com conta, peso e medida. Prova disso é o rendimento e os golos que o tornaram num ídolo na Polónia.

"O segredo é tentar motivar-me todos os dias. É como uma droga positiva, percebes? É tu saberes que, com a tua idade, é um desafio muito grande estares a um nível alto. Todos os dias saíres de casa para treinar e tentares sempre ser melhor nos jogos é quase como uma droga para nós, futebolistas. O apoio da minha namorada também tem sido gigantesco, assim como o do meu pai. [O segredo] é a motivação diária de querer sempre ser melhor que ontem", considerou.

A dupla com o irmão Flávio, o sonho da Seleção Nacional e o futuro indefinido

Depois de passar por Espanha, Escócia, Irão e Chipre, Marco Paixão foi para a Polónia em 2013, assinando pelo Slask Wroclaw em conjunto com o irmão gémeo, Flávio, que o tem acompanhado durante a maioria da carreira. Os dois assumiram-se rapidamente como dois dos melhores jogadores da Liga Polaca e, agora, representam o Lechia Gdansk.

"Na Polónia somos autênticas referências. Somos referências na Liga, somos jogadores de topo e o que há de melhor na Polónia. Tratam-nos bem, respeitam-nos muito e somos os ídolos de muita gente. Gostamos muito que nos respeitem como nos respeitam lá e estamos agradecidos e orgulhosos", contou Marco Paixão.

Ao telefone, era fácil perceber que o trabalho dos dois irmãos na Polónia é, efetivamente, motivo de orgulho para Marco. Tanto que, para o próprio, "merecia um prémio" chamado... Seleção Nacional. "O que eu tenho feito nos últimos quatro anos ao nível da imagem do futebol português na Polónia tem sido absolutamente fantástico. Eu tenho elevado o nome de Portugal na Polónia e o meu irmão também. Acho que merecia um prémio... Nunca é tarde, mas acredito que, com os meus números, merecia talvez uma chamada à Seleção", desejou.

Marco (esquerda) e Flávio Paixão (direita): dois irmãos gémeos à conquista da Polónia (foto: Facebook Lechia Gdansk)

O assunto 'Seleção Nacional' é recorrente nas entrevistas dadas por Marco Paixão. Chegou a dizer à Antena 1 que já não tinha essa ideia na cabeça, mas a marcar golos assim é difícil pensar que Fernando Santos já tenha descartado por completo essa opção. Os números, como disse Marco Paixão, "não são mentira", pelo que a crença ainda existe.

"Quando tens uma performance tão boa como a que eu estou a ter neste momento começam a vir coisas à cabeça que no passado eram possíveis e, de repende, começas a acreditar novamente. Há quem diga que é difícil mas eu continuo a acreditar. Os meus números são espetaculares. No ano passado fui o melhor marcador da Polónia, este ano sou melhor marcador português de todas as ligas. São estatísticas e números que estão aí, que não são mentira. Eu agarro-me um bocado a isso para manter a esperança de que um dia serei chamado à Seleção. O meu maior sonho é ser internacional por Portugal", assegurou.

Com contrato até ao final da temporada, Marco Paixão ainda não sabe o que lhe reserva o futuro, mas não nega que voltar a Portugal seria "espetacular". Se fosse para o Sporting, clube do coração, ainda melhor. "Tenho mais seis meses de contrato na Polónia e, sinceramente, ainda não pensei no meu futuro. Vir para Portugal seria absolutamente espetacular mas, de momento, não existe nenhuma oferta. Jogar no Sporting? Seria uma das coisas mais lindas que podia acontecer para a minha família. O meu pai é sportinguista, o meu tio é sportinguista, grande parte da minha família é sportinguista. Muitos dos meus amigos são sportinguistas e estão na Juventude Leonina e vão aos jogos todos em Alvalade. É um sonho por concretizar. É difícil, mas nunca se sabe. Seria um orgulho enorme vestir aquela camisola, que é especial", concluiu o português com mais golos para a liga em 2017.