Fernando Santos reconheceu que Portugal teve pouca agressividade diante da Alemanha e revelou que, ao intervalo, ‘puxou as orelhas’ aos jogadores da seleção. “Disse aos jogadores que jogar com a Alemanha e ter duas faltas é impossível no futebol. Isso demonstra alguma coisa, na minha opinião”, revelou o selecionador nacional, durante a conferência de imprensa.

Essa declaração acabaria por proporcionar um momento tenso. Isto porque os golos alemães foram ‘fabricados’ pelo corredor direito de Portugal, com Fernando Santos a destacar o papel desempenhado pelo lateral esquerdo Robin Gosens, cuja cobertura, na teoria, deveria ter sido assegurada por Bernardo Silva.

“Peço imensa desculpa, mas em cima de uma derrota, estar a falar sobre jogadores…Eu podia responder assim: o lance do primeiro golo de Portugal, foi o Bernardo que o construiu”, respondeu Fernardo Santos, depois de uma pergunta sobre uma eventualidade titularidade de Renato Sanches.

O antigo internaciona Paulo Futre saiu em defesa do selecionador, salientando que ele não podia ‘queimar’ os jogadores. “Têm elogiado o jornalista e muito bem, grande pergunta. Mas o que esperavam que Fernando Santos dissesse? Que o Bernardo esteve muito mal? Ele não pode dizer isso. Vai ‘matar’ o Bernardo? Ele sabe muito bem que o Bernardo não esteve bem, mas não o pode dizer”, sustentou.

Para Futre, importa mais analisar a falta de agressividade de todo o conjunto e não só de um jogador. “O que o Fernando Santos disse ao intervalo aos jogadores... Como é que é possível, com a Alemanha, só termos duas faltas? Ele disse isto e os jogadores ficaram com vergonha. Isto tem de ser sublinhado. A Alemanha faz 15 faltas... Nós temos que morder”, frisou.

No comentário à partida, para a CMTV, Futre prometeu que a seleção portuguesa vai refletir sobre a postura e, no decisivo encontro com a França, vai “morder” a campeã mundial.

“O xerife, que é o Cristiano Ronaldo, vai estar a bater até quarta-feira nisto das faltas. Não pode acontecer com a França. É impossível. Estamos a falar de craques, que estão habituados à pressão. Eles sabem que isto é uma vergonha. Contra a França, podemos perder, mas a equipa vai morder”, garantiu.

Quer contra a Hungria, na jornada inaugural, quer diante da Alemanha, esta tarde, Fernando Santos apostou no duplo pivô formado por Danilo Pereira e William Carvalho. Futre não quis comentar eventuais mudanças no meio-campo, mas insistiu que quem for titular vai entrar para “morder” os franceses.

“Não sei vai ser o Palhinha, se vamos mudar muito, mas vamos morder. Isto não vai acontecer com a França, nem volta a acontecer até ao final do Campeonato da Europa”, reforçou.

Paulo Futre lembrou ainda que, apesar de ter entrado mal, chegou a dominar a Alemanha, nomeadamente depois de Cristiano Ronaldo abrir o marcador. “O nosso golo foi um erro tremendo dos alemães e eles baixaram. Podíamos ter feito o segundo. Depois, foi o descalabro", finalizou.