Portugal
Gedson Fernandes, o menino que chegou ao Frielas "por acaso" para dar uns toques
2018-07-15 20:00:00
Chegou com dez anos ao clube do concelho de Loures e só lá ficou ano e meio. O Benfica levou-o por 250 euros e 25 bolas

A história de Gedson Fernandes, o menino de 19 anos que está a brilhar na pré-época do Benfica, começou a desenhar-se há quase dez anos quando o clube da Luz o contratou ao SC Frielas por 250 euros e 25 bolas, mas iniciou-se um ano e meio antes quando "por acaso" chegou numa carrinha que transportava jovens do clube do Concelho de Loures para dar uns toques na bola. Deixou todos de boca aberta, ficou e o resto é o que se sabe...

"Foi por acaso. Apareceu-nos aqui com os amigos. O clube tem uma carrinha que vai buscar jogadores a Santo António dos Cavaleiros, Camarate e Loures e ele foi desafiado por um dos amigos para vir. Treinou e...deu logo nas vistas", conta Paulo Sérgio, presidente do SC Frielas ao Bancada. "O treinador André Gomes veio logo ter comigo ao bar a dizer-me que tinha de ver aquilo. "Não tinha nada a ver... pegava na bola e ia por ali fora, ninguém a roubava", recorda Paulo Sérgio o menino de então dez anos. "Um míudo muito humilde. Por isso é que ele vai longe, tem muito talento e é muito humilde".

Paulo Sérgio conta um episódio revelador da humildade do jogador. E do seu talento. "Nos jogos, o guarda-redes passava-lhe a bola e ele desequilibrava tudo e marcava golos, até que o treinador disse-lhe desde o banco: 'Ó Gedson, já chega, abranda um pouco e deixa os outros jogar'. E ele pediu ao treinador: 'ó mister, deixe-me jogar só mais um bocadinho que eu prometo não marcar golos'.

O clube do concelho de Loures não conseguiu-o manter por mais de época e meia. Sporting e Benfica posicionaram-se para ter o jogador. Paulo Sérgio conta como "Paco", alcunha pela qual era conhecido e que trouxe dos tempos da escola, foi para o Seixal. "O Sporting queria-o só no fim da época, mas o Benfica foi mais rápido e chegámos a acordo com eles em Dezembro. Deram-nos 250 euros e 25 bolas. Os pais, e o próprio jogador, não queriam que ele saísse logo, mas eu fiz questão de dizer que era uma excelente oportunidade de ele ir para um grande clube. A mãe dele até se zangou comigo mas eu, que até sou sportinguista, disse-lhe que esta era uma oportunidade única".

Por ter saído com 11 anos para o Benfica, menos um ano a partir do qual a UEFA obriga o clube que contratou um jovem a ressarcir o clube formador numa eventual transferência, o SC Frielas não receberá monetariamente nada em caso de futura transferência mas Paulo Sérgio relativiza o assunto. "É um grande orgulho para o clube e para a terra vê-lo crescer desta forma. Aquele era o momento de sair. Uma oportunidade única. Eu queria o melhor para o míudo. Estou muito orgulhoso de ele estar onde está.". "O caso do Gedson é igual ao do Renato Sanches quando saíu do Águias da Musgueira. Já na situação do Nani, o Real SC teve mais sorte e continua a receber".

Ainda a propósito da saída de Gedson para o Benfica, Paulo Sérgio revela ao Bancada uma condição que impôs ao clube da Luz para levar o jovem jogador. "O Gedson morava em Santo António dos Cavaleiros e o Benfica queria que ele fosse de autocarro para Entrecampos onde uma carrinha o apanhava para levá-lo para o Seixal. Disse que não, impus como condição que o fossem buscar e levá-lo a casa. E assim foi". Natural de São Tomé e Príncipe, cedo veio para Portugal e hoje os pais, residentes em Londres, torcem à distância por ele.

A ligação do SC Frielas ao Benfica não se fica por Gedson Fernandes. O guarda-redes Bruno Varela jogou no rival Ponte Frielas, cujo campo dista 1km do do SC Frielas, e André Almeida, natural de Loures, tem o pai Vítor Almeida a treinar a equipa principal do Frielas. "Um autêntico viveiro", brinca Paulo Sérgio que a última vez que esteve com Gedson Fernandes foi em junho último. "Disse-me que tinha ido morar para o Seixal e que era por isso que já não vinha cá tantas vezes, mas prometeu que agora que já tem carro virá mais vezes".