Grande Futebol
O pai tinha sido raptado, mas Obi Mikel foi a jogo no Mundial na mesma
2018-07-03 17:50:00
John Obi Mikel soube que o pai tinha sido raptado poucas horas antes do duelo com a Argentina, mas foi a jogo na mesma.

Jogar com o coração nas mãos. Uma expressão que é muitas vezes utilizada no futebol, mas que para John Obi Mikel teve todo um verdadeiro significado. O internacional nigeriano foi informado que o pai tinha sido sequestrado, poucas horas antes de defrontar a Argentina no Mundial. Disseram-lhe que caso o futebolista avisasse as autoridades ou contasse a alguém, matariam o pai instantaneamente e Mikel cumpriu as ordens. Abalado pela situação, o jogador decidiu, ainda assim, representar a seleção nigeriana diante da Argentina, partida decisiva para os africanos. Tudo porque “não podia desapontar 180 milhões de nigerianos”.

O relato foi feito pelo próprio Obi Mikel, em declarações à ESPN, nas quais deu conta de que recebeu uma chamada quando estava no autocarro da seleção a deslocar-se para São Petersburgo, cerca de quatro horas antes do apito inicial do encontro que opunha a Nigéria à Argentina e que teve lugar a 26 de junho (seleção argentina venceu por 2-1). Os sequestradores exigiram mais de 20 mil euros de resgate para a entrega do pai (Pa Michael Obi) de Obi Mikel são e salvo. Foi quando estava a deslocar-se para um funeral no sudeste do país da Nigéria que o progenitor de Obi Mikel foi raptado.

“Somente um círculo muito reduzido dos meus amigos sabia. Tão pouco queria falar sobre isso com o treinador [Gernot Rohr], porque não queria que o meu problema se convertesse numa distração para ele e para o resto da equipa antes de um jogo tão importante. Por muito que quisesse falar com o treinador, não pude”, confessou ainda Obi Mikel, antes de explicar os motivos que o levaram a ir a jogo num momento tão traumático.

“Joguei enquanto o meu pai estava nas mãos de bandidos. Tive que suprimir o trauma. Estava emocionalmente angustiado e tive que tomar uma decisão se estava mentalmente preparado para jogar ou não. Estava confuso. Não sabia o que fazer mas, no fim, soube que não podia desapontar 180 milhões de nigerianos. Tive que o deixar de lado na minha cabeça e ir representar o meu país primeiro”, confidenciou o internacional nigeriano.

A Nigéria acabou por perder esse encontro frente à Argentina, foi eliminada do Mundial, mas a história terminou com final feliz para Obi Mikel. “Libertaram o meu pai de forma segura na segunda-feira à tarde. Agradeço às autoridades policiais pelos esforços no resgate e o apoio que recebi dos meus amigos e familiares. Infelizmente, o meu pai agora está no hospital a receber tratamento de emergência como resultado da tortura de que foi alvo durante a sua captura”, contou Mikel. No entanto, o jogador somente falou publicamente no assunto depois de a polícia local dar conta do sucedido. “Os sequestradores começaram a ligar para exigir o resgate de mais de 20 mil euros antes de os operacionais da polícia terem agido com base em informação e terem apanhado os sequestradores”, referiu o superintendente da polícia nigeriana, Ebere Amaraizu.

“No processo do resgate, deu-se um tiroteio entre a polícia e os sequestradores, o que os forçou a abandonarem as vítimas na floresta, tendo sido prontamente resgatados”, referiu ainda o porta voz das autoridades. Curiosamente, esta não é a primeira vez que Obi Mikel vê o pai ser raptado. Em 2011, também uma situação similar tinha acontecido, com o progenitor do futebolista a ser libertado depois de dez dias. De acordo com um representante de Obi Mikel, a segurança em torno do pai do jogador e família na Nigéria vai ser aumentada.