Grande Futebol
Deportivo tenta, de novo, reerguer-se dos escombros
2018-12-15 16:00:00
Símbolo da Galiza, o antigo campeão nacional luta por voltar ao convívio dos maiores de Espanha

Atingiu o auge na passagem do milénio ao sagrar-se campeão espanhol pela primeira vez na sua história e pela primeira vez na história da Galiza na temporada 1999/2000, mas vive agora tempos de agrura como consequência da descida à segunda divisão de Espanha. Nem a aposta desesperada em Clarcence Seedorf lhe valeu. O Deportivo da Corunha tenta reerguer-se dos escombros e recuperar o tempo perdido depois dos altos e baixos dos últimos anos e das dificuldades em conviver com o sucesso nunca antes conhecido. Nacho González é o timeiro que procura levar a nau a um porto de abrigo, que lhe possa abrir outros horizontes.

O Deportivo encontra-se nesta altura no quarto lugar, a três pontos do lider, o Málaga CF, que tem no entanto um jogo a mais. Ou seja, caso vença este domingo no Riazor a equipa da Corunha pode ascender à liderança da segunda liga, tudo dependendo dos resultados de outros concorrentes à subida ao escalão maior do futebol do país vizinho como o Granada e o Alcorcon.

Num plantel que tem em Quique González a referência maior (é o principal goleador com nove remates certeiros) e no dinamarquês Krohn-Dehli o garante de experiência, há também um português a dar cartas. Cedido pelo Sporting, Domingos Duarte tem-se imposto como titular indiscutível, somando inclusive três golos, registo apreciável tendo em conta que estamos a falar de um defesa-central.

O Deportivo vive tempos de "ressaca" depois do tremendo sucesso dos anos 90. Em 1995, conquistou o primeiro grande título do palmarés, uma Taça do Rei, vencendo na final o Valencia CF por 2-1, num jogo disputado em dois "actos" fruto do temporal que se abateu sobre Espanha. O encontro foi suspenso quando as equipas estavam empatadas a um golo. Manjarin colocou o Depor na frente, aos 35 minutos, e Mijatoic igualou para os valencianos, aos 70 minutos. Foi já no segundo "acto" que Alfredo entrou para a história ao apontar o golo do triunfo ao minuto 81 para gáudio de Arsénio Iglésias, o treinador de então que liderava estrelas como Donato, Bebeto, Djukic ou Fran.

Mas o apogeu foi atingido na época 1999/2000 com a conquista do campeonato. Javier Irureta foi o obreiro do maior feito da história de um clube galego liderando uma constelação de estrelas onde pontificavam nomes como Songo'o, Djalminha, Mauro Silva, Donato, Naybet ou Makkay. O sucesso levou o Depor ao convívio das grandes equipas europeias, tendo chegado às meias-finais da Liga dos Campeões depois de uma goleada de 4-0 aplicada ao na altura todo poderoso Milan de Maldini, Nesta, Pirlo, Seedorf, Rui Costa, Kaká e Shevchenko, entre outros. Um jogo mítico que ficou para sempre gravado na memória dos entusiastas adeptos da Corunha.

Dos tempos de glória aos inferno não decorreram muitos anos, tendo o clube descido de divisão na época passada, o que aconteceu pela terceira vez nos últimos anos. A temporada de 2017/18 significou mesmo um dos piores registos da história do clube da Galiza, que viu a sua sentença conhecida quando ainda faltavam três jornadas para o final da liga. A descida ficou consumada com a derrota caseira averbada diante do FC Barcelona, por 4-2, num jogo de sentimentos diametralmente opostos para os catalães, que se sagraram campeõs nacionais. A verdade é que sempre que desceu no novo milénio o Depor regressou logo no ano seguinte ao convívio dos maiores. Será que a história se vai repetir?