Visto da Bancada
Jovem Conservador de Direita (nº 162)
2017-11-22 12:30:00
O Jovem Conservador de Direita não costuma ir ao futebol, mas contou-nos qual a partida mais marcante a que já assistiu.

“Nunca liguei muito ao desporto futebol. Quando uma pessoa vence na vida, como é o meu caso, não precisa do desporto para nada. O desporto é apenas uma maneira de pessoas que não ganham em mais nada poderem experimentar vicariamente o sabor da vitória através de outros. Não é por acaso que há tantos desempregados e subsídio-dependentes que gostam de vestir camisolas do desporto futebol. Como são perdedores na vida, colam-se a vitórias de outros.

No entanto, como futuro primeiro-ministro do meu país, tenho a obrigação de me interessar pelo desporto futebol. Se quero liderar os portugueses em direcção a uma nova era de triunfo e austeridade tenho de saber o que eles gostam, por mais ridículo que seja. Como aqueles namoradas que começam a “gostar” de Star Wars para agradarem aos namorados. Mesmo que chamem macaco ao Dr. Chewbacca os namorados valorizam sempre o esforço e, eventualmente, até lhes oferecem uns sapatos ou uma jóia. É um sacrifício que vale a pena.

A primeira vez que me interessei verdadeiramente por futebol foi, curiosamente, em 2016 durante o torneio universal que Portugal venceu. Muita gente apontou a coincidência de, logo na primeira vez em que eu prestei atenção ao fenómeno do desporto futebol, Portugal ter tido uma vitória tão importante. Segundo estas pessoas eu posso ter contaminado a equipa Portugal com algum do meu característico espírito vitorioso. Eu não acredito nessas coisas. É uma análise que me deixa lisonjeado, mas que não faz qualquer sentido. A equipa Portugal ganhou por mérito próprio e não vou retirar nenhum desse mérito para mim. Não sou como aqueles políticos que gostam de colocar o cachecol da sua equipa de futebol preferida para se colarem aos seus êxitos futebolísticos. Não posso ter a certeza científica se as minhas análises ajudaram Portugal, visto que até agora há uma coincidência total entre o meu interesse por futebol e vitórias de Portugal. Só não esperem que eu utilize isso para me promover.

Tive oportunidade de ver ao vivo o jogo em que a equipa de Portugal se sagrou vencedora. Nunca tinha estado num court de futebol. Gostei sobretudo da relva e do silêncio. Quando se vê uma partida de desporto futebol ao vivo, não se ouvem comentadores. Levei o tablet para ir adiantando trabalho, porque sou ocupado e não me posso dar ao luxo de deixar de trabalhar durante o tempo que dura uma partida de desporto futebol, que, como toda a gente sabe, é qualquer coisa entre 12 minutos e 7 horas. Mas vi a partida quase toda. Estava sobretudo ansioso para ver o CEO da equipa Portugal em acção. Penso que já todos ouvimos falar dele mas, para quem não o conhece, chama-se Dr. Cristiano Ronaldo. Numa das partidas anteriores, tinha-se destacado por ter ralhado com um estagiário pequenito que estava a tentar fugir do court de futebol com medo. Estava nervoso porque tinha de chutar uma bola em direcção à baliza e o Dr. Ronaldo chamou-o e disse que ele “batia bem.”

O problema de pessoas que atingiram o topo nas suas áreas, como eu e o Dr. Cristiano Ronaldo, é que há alturas em que nos vemos obrigados a delegar responsabilidades para outros que são inferiores a nós. É muito triste quando isso acontece porque, se perdermos por culpa dessas pessoas, ninguém lhes vai apontar o dedo. Nós é que vamos ser sempre os responsáveis por uma eventual derrota. O Dr. Cristiano Ronaldo podia deixar o jogador pequenito fugir do court de futebol mas, se isso acontecesse, Portugal ia jogar com menos atletas e os adversários ficavam com mais espaço para jogar. O Dr. Cristiano Ronaldo precisava que o jogador pequenito ficasse lá a ocupar espaço. O court de futebol é muito grande e se não houvesse esses estagiários havia muito espaço livre. Se não fossem esses jogadores menos importantes a ocupar espaço, uma transmissão de um jogo do desporto futebol seria, na maior parte do tempo, uma transmissão de relva.

O mais triste no meio disto tudo é que, no vídeo desta situação que se tornou viral, conseguimos ouvir o Dr. Cristiano Ronaldo a dizer "olhe, se perdermos que se dane". É terrível para um vencedor nato como ele ter de se conformar com a derrota desta maneira, mas é o que acontece quando temos de delegar. É o problema dos desportos de equipa e do socialismo como modelo económico. Até podemos ter o melhor jogador do Mundo em campo mas os resultados da equipa vão estar sempre nivelados por baixo por causa do desempenho medíocre dos outros.

Eram estes os pensamentos que me ocupavam a mente no dia da final, sentado na minha poltrona com visão privilegiada para o court de futebol, enquanto adiantava trabalho no Excel e comia pipocas. Não porque goste, mas porque é isso que se faz nos courts de futebol. Estava ansioso para ver o Dr. Ronaldo e os seus estagiários como o Dr. Carlos Figo, o Dr. Élder, o Dr. Sanchez, o Dr. Fernando ou o Dr. Tozé.

A partida de futebol começou bem. Mas depois veio a grande desilusão: o Dr. Ronaldo não esteve à altura do seu papel de líder. Teve medo e saiu da partida a chorar como um bebé. Não se percebe bem porque é que isso aconteceu, mas dizem que era porque o court estava cheio de traças e ele tem fobia. Mas isso não o desculpa e deu uma péssima imagem do nosso país. Como português, senti-me envergonhado a ver uma pessoa tão famosa quanto o Dr. Ronaldo a sair do court a chorar. Um líder tem de se superar nestes momentos e não deixar ficar mal os seus subordinados. No entanto, ainda bem que isso aconteceu. Felizmente, o Dr. Élder esteve à altura dos acontecimentos e salvou a honra da equipa de futebol Portugal.

Foi um privilégio poder ver com os meus próprios olhos ao vivo naquele court de futebol o Dr. Élder a marcar pontos atrás de pontos pela equipa Portugal. Foram tantos pontos que até perdi a conta. Foram seguramente mais do que 20. Tornou-se assim o melhor jogador do desporto de futebol de todos os tempos. Depois de, sozinho, ter dado a vitória do torneio a Portugal, o Dr. Élder resolveu tornar-se psicólogo e escreveu um livro a ajudar as pessoas a superarem-se. Não li o livro, mas espero que os jovens aprendam muito bem as lições do Dr. Élder. Nomeadamente a lição principal: apesar de sermos um país insignificante e de estarmos rodeados de pessoas medíocres como o jogador pequenito ou na sua zona de conforto como o Dr. Cristiano Ronaldo, é sempre possível ser o melhor de todos os tempos se trabalharmos muito. Só depende de nós. O Dr. Élder não fugiu do court de futebol, não esteve à espera de subsídios e tornou-se o melhor praticante de futebol de todos os tempos. É uma lição para todos os esquerdalhos subsídio-dependentes e desempregados que preferem atacar os outros por terem inveja do seu sucesso em vez de, eles próprios, se tornarem ricos e empreendedores. Aquilo que o Dr. Élder lhes tem a dizer é que se um esquerdalho decide tornar-se palhaço e monociclista a tempo inteiro não pode culpar o Governo do Dr. Passos Coelho, nem apontar o dedo aos ricos que escolheram carreiras a sério. A culpa foi dele por ter decidido tornar-se palhaço. Obrigado ao Dr. Élder por estas lições de sabedoria que, se não estão, deveriam estar no seu livro.

Foi isto mesmo que disse no final da partida do desporto de futebol ao Dr. Élder quando os jogadores foram agradecer pessoalmente a todos os espectadores o seu apoio. Para quem nunca teve oportunidade de ver uma partida do desporto futebol ao vivo, no final os jogadores vão agradecer aos espectadores a sua presença. Uma mera formalidade. O Dr. Élder ficou muito emocionado quando me viu e disse que, apesar de nunca ter votado no PSD, ia votar em mim quando eu fosse candidato. Senti-me honrado pelo seu apoio. O Dr. Ronaldo veio atrás e também tentou dar-me o seu apoio. Mas estava muito desiludido com ele nesse dia e nem sequer o deixei falar. Penso que, da próxima vez que a equipa de futebol Portugal for a um torneio destes, o Dr. Ronaldo vai lembrar-se desta situação e nunca mais vai fugir do campo a chorar.”

 

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