“Por acaso até é fácil”, respondeu prontamente João Cordeiro, campeão nacional de esgrima com a espada, quando desafiado a lembrar qual o jogo de futebol mais marcante a que já assistiu ao vivo. “Portugal, 3-Inglaterra, 2, Euro 2000”, indicou.

Então a viver em Bruxelas com a família, o esgrimista que, no passado dia 20 de maio, se sagrou campeão nacional pela nona vez em onze anos, contou-nos ter visto “todos os jogos de Portugal nesse Europeu in loco” e lembrar-se, particularmente, da vitória frente a Inglaterra. Cordeiro “tinha 13 anos, era para aí a terceira vez que estava a ver um jogo ao vivo” e a entrada da Seleção não tinha sido nada boa. “Fui só com o meu pai e dois amigos dele, estávamos do lado dos ingleses e aos 15 ou 20 minutos de jogo já estávamos a levar dois”, recorda.

Foram, mais precisamente, 18 minutos de que a Inglaterra precisou para bater duas vezes Vítor Baía. Logo ao terceiro minuto, Paul Scholes apareceu a cabecear no centro da área, em resposta a um cruzamento de Beckham, que, 15 minutos depois, voltaria a assistir para golo, dessa vez de Steve McManaman. Mas a história do jogo começaria a mudar quando “veio o golo do Figo e animou um bocadinho a malta”. Esse pontapé feliz do número 7 português, que entrou junto ao ângulo superior direito da baliza de David Seaman, marcou o início da reviravolta.

Aos 39 minutos, João Vieira Pinto antecipou-se a Sol Campbell para, num salto de peixe, desviar o cruzamento de Rui Costa para a baliza inglesa, e, aos 59’, Rui Costa voltaria a assistir, desta vez Nuno Gomes. O avançado português dominou a bola e marcou o terceiro golo, completando a reviravolta e estabelecendo o resultado final. Como é fácil de imaginar, os estados de alma dos adeptos inverteram-se: “No final vem um inglês dizer-me que eu podia gritar à vontade, não precisava de estar acanhado. Foi giro,” concluiu Cordeiro.