Visto da Bancada
Augusto Inácio (nº 139)
2017-10-29 12:30:00
Antigo lateral esquerdo do FC Porto recorda a final da Taça Intercontinental de 1987 que os portistas conquistaram

Na semana em que os vencedores da extinta Taça Intercontinental, que era disputada entre o campeão europeu de clubes e o campeão sul americano, passaram a ser reconhecidos como campeões do mundo, onde se inclui o FC Porto vencedor em 1987 e 2004 , Augusto Inácio, que esteve na primeira conquista, optou por recordar a final de Tóquio como um dos jogos mais marcantes, não da bancada, mas em pleno relvado, isto é, um lamaçal de neve. Com várias episódios engraçados para contar.

“Nunca tinha nevado em Tóquio. O campo estava coberto com um manto de neve, a  bola não rolava, mas a organização disse que tinha de se fazer o jogo. Tivemos de fazer o aquecimento nos balneários, num espaço exíguo, juntamente com o Peñarol. O jogo começou aí. Começámo-nos a insultar, era de ‘coño’ para cima. Quando entrámos em campo, aquilo era uma desgraça. Por baixo da neve, era água e o frio era muito. Protegemo-nos com tudo o que podíamos, collants, óleo nas pernas…mas cinco minutos depois do jogo começar eu já estava todo gelado”, começa por recordar o antigo lateral esquerdo do FC Porto.

Mas o pior ainda estava para vir. “A certa altura, ao fazer um carrinho, o extremo direito deles, o Vidal, pisou-me no dedo mindinho. Era tanto o frio que fiquei com o dedo dormente at´ao fim. Mas o jogo continuava, não havia tempo para a técnica, era pontapé para a frente. Marcámos um golo, pelo Gomes [a bola rematada por Madjer ficou parada quase em cima da linha de baliza onde surgiu Fernando Gomes a marcar] e fomos para o intervalo a vencer 1-0. Na cabina, nem o chá conseguíamos beber, tal o tremor das mãos com o frio e tínhamos de pedir ajuda para atar os atacadores. A dez minutos do fim, o Viera fez o empate e foi mais um sofrimento de trinta minutos. Felizmente, o Madjer acabou por marcar o golo da vitória. Viu o guarda-redes adiantado e fez-lhe um chapéu, só que a bola quando bateu no relvado, relvado não, um lamaçal de neve, rolou devagarinho, devagarinho…mas entrou”, recorda Inácio. “Foi o jogo mais dramático da minha vida mas felizmente que vencemos”.

Ficha do jogo

13 dezembro 1987

Stadium Nacional, em Tóquio

Árbitro: Franz Wöhrer

FC PORTO: Mlynarczyk; João Pinto, Geraldão, Lima Pereira e Inácio; Jaime Magalhães, André, Rui Barros (Quim, 61m) e Sousa; Madjer e Gomes.

Treinador: Tomislav Ivic

PEÑAROL: Pereira; Herrera (Gonçalves, 95m), Rotti, Trasante e Dominguez; Perdomo, Vidal, Da Silva e Cabrera (Matosos, 46m); Viera e Aguirre.

Treinador: Óscar Tabarez

Marcadores: 1-0, Gomes, aos 42m; 1-1, Viera, aos 80m; 2-1, Madjer, aos 109m.