Jurista e comentador, Alexandre Guerreiro abordou alguns temas da justiça que têm marcado o futebol, nos últimos tempos, e não tem dúvidas de que seja no caso Lex, E-Toupeira ou dos vouchers é necessário ver caso a caso se "houve mão do Benfica nisto" ou não. Porém, é no que toca ao sorteio dos juízes que Guerreiro é especialmente duro para com a justiça portuguesa.
"A questão do sorteio dos juízes eu já denunciei. Na altura ainda na TVI 24, expliquei como é que o esquema se fazia. É uma fantasia acreditar que o sorteio de juízes é totalmente transparente. Não existe, há formas de o manipular com Benfica e sem Benfica", referiu, salientando que há várias situações "caricatas".
Nesta quarta-feira, recorde-se, o juiz Paulo Registo, que havia sido sorteado para julgar Rui Pinto, viu o Tribunal da Relação concordar com o seu pedido de escusa para não julgar o denunciante do Football Leaks, depois de terem aparecido referências na imprensa da ligação afetiva do magistrado ao Benfica.
Em declarações no podcast O Espartano, Alexandre Guerreiro defendeu ainda que, por exemplo, o que se viu no caso do ataque à Academia de Alcochete "em sistema Big Brother é o que acontece diariamente na justiça".
Comentando outro dos casos mediáticos na justiça e no desporto português, Alexandre Guerreiro admitiu que o caso E-Toupeira é "muito curioso".
"Se o Ministério Público quer incriminar a Benfica SAD não pode limitar-se a apresentar meios de prova, aparentemente, contra Vieira e depois não indiciar Vieira de qualquer tipo de crime".
Alexandre Guerreiro realça que, na altura, a acusação do Ministério Público "deveria ter incluído Luís Filipe Vieira".
"Ou nós vamos só para o Paulo Gonçalves ou então se queremos ir para a Benfica SAD não podemos ir só para a Benfica SAD mas para o presidente", sublinhou.
"Vou incriminar a Benfica SAD mas a pessoa que verdadeiramente vincula a Benfica SAD fica de fora", detalhou, revelando que não sabe se foi "falta de coragem" ou "inexperiência".
O comentador disse ainda que se fez uma "acusação coxa" e o E-Toupeira "falhou por causa disso".
No processo, recorde-se, a juíza de instrução decidiu que não estavam reunidos indícios suficientes para levar a SAD do Benfica a julgamento.
Na acusação do Ministério Público, recorde-se, o procurador Valter Alves entendia que o Benfica teria beneficiado de uma "teia de interesses montada entre os arguidos" neste processo.
O Tribunal da Relação de Lisboa também decidiu manter a decisão da juíza Ana Peres, do Tribunal Central de Instrução Criminal, que já tinha ilibado a SAD encarnada na fase de instrução.
Veja um excerto da entrevista de Alexandre Guerreiro ao podcaste O Espartano
