Prolongamento
Vitória e Jesus: velhos rivais são quem estão na cadeira de sonho há mais tempo
2017-10-11 21:30:00
Reinado dos técnicos da atual I Liga não tem mais de um ano e meio, à exceção do que acontece no Benfica e Sporting

Rui Vitória e Jorge Jesus são os únicos treinadores da Liga 2017/18 com mais de dois anos à frente de um clube no principal escalão do futebol português, tendo entrado em junho de 2015 no Benfica e Sporting, respetivamente. Vitória e Jesus estão há dois anos e quatro meses no banco dos grandes de Lisboa, um tempo de duração que contraria a realidade que norteia a atual Liga, a de que a maioria dos treinadores não duram em média mais de um ano e meio à frente dos clubes.

José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, para quem “longe vão os tempos em que um treinador estava vários anos no mesmo clube”, defende a ideia de que a permanência de um técnico num clube por muitos anos “é difícil”, devido à “impaciência dos associados”, mas também muito “dos dirigentes” que “quando os resultados são positivos pensam logo que podem chegar longe, mas perante as primeiras adversidades vacilam logo e tentam mudar”.

De qualquer modo, José Pereira chama a atenção para o facto de a liga portuguesa estar a passar por aquilo a que chama de “uma reciclagem de treinadores”, recorrendo a exemplos de técnicos de que começaram recentemente a carreira na I Liga, como Vasco Seabra, Nuno Manta Santos, Daniel Ramos ou Pepa. “Há uma renovação em curso que não estava programada que, em termos futuros, vai decidir a durabilidade desses e de outros treinadores”, refere o líder da ANTF que diz ainda que no futebol atual a oferta do mercado aumentou. “Há cada vez mais treinadores aptos, a oferta é maior e a moda passa por renovar”.

No quadro atual de treinadores da Liga principal, uma minoria – 22,2 por cento – ainda não cumpriu a segunda época ao serviço dos clubes. São eles José Couceiro, Pedro Martins, Vítor Oliveira e Daniel Ramos. Mais de metade – 66,6 por cento - dos técnicos do campeonato em curso ainda não completou sequer um ano à frente das respetivas equipas, seis entraram no decorrer da anterior temporada [Manta Santos, Vasco Seabra, Pepa, Pedro Emanuel, Domingos e Abel], quatro no início desta época [Sérgio Conceição, Miguel Cardoso, Luís Castro e Manuel Machado] e dois já com a temporada a decorrer [Jorge Simão e Lito Vidigal]. E até agora, houve duas substituições nos bancos. Miguel Leal ainda esteve à frente do Boavista 1 ano e 11 meses mas acabou por não resistir aos resultados e saiu para dar entrada a Jorge Simão, no cargo há um mês. No Aves, Ricardo Soares só ‘aqueceu’ dois meses no banco sendo rendido há 9 dias por Lito Vidigal.

A realidade que norteia a Liga é esclarecedora em relação à perenidade dos técnicos nas estruturas dos clubes, onde uma versão portuguesa de Alex Ferguson ou Arsène Wenger não passa de uma quimera. Mas há nesta altura pequenas exceções, como houve no passado no principal escalão do futebol português.

Jorge Jesus, por exemplo, que vai para a terceira época ao serviço do Sporting, é o caso mais recente de longevidade à frente de uma equipa, tendo estado seis anos no comando do Benfica, de 2009 a 2015, antes de ingressar no Sporting. Em Alvalade só tem Paulo Bento à frente dele, que cumpriu quatro épocas completas mais uma incompleta, entre 2005/06 e 2009/10, mas longe do recorde de Szabo que orientou os leões entre 1936/37 e 1943/44.

O próprio Rui Vitória, a caminho da terceira época completa no Benfica, também conheceu o seu reinado no Vitória de Guimarães, onde esteve de 2011 a 2015. E na história do clube da Luz, Vitória só tem à frente dele como treinadores com mais tempo de duração Jorge Jesus (6 anos) e János Biri (8 anos).

Entre os atuais treinadores da Liga, alguns deles já viveram reinados longos nos clubes por onde passaram. Como é o caso de Manuel Machado que esteve no Nacional de outubro de 2012 a dezembro de 2016, ou seja, saiu quando ia na quinta temporada seguida. Pedro Martins esteve no Marítimo quatro épocas entre setembro de 2010 e Maio de 2014.

Outro oásis de resistência na Liga principal teve como protagonista José Mota que manteve-se à frente do Paços de Ferreira desde a 8.ª jornada da temporada 2003/04 até ao final de 2007/08, num total de cinco anos.