Prolongamento
Um português à conquista do México: que comece a Fiesta Grande [2/14]
2018-11-29 22:55:00

UMA LIGA NO MÍNIMO... PECULIAR

Se já não bastava o formato da Liga MX fugir ao tradicional daquilo a que estamos habituados, sendo característica da competição os “torneios curtos”, isto é, dois campeonatos diferentes na mesma temporada e por consequência dois títulos nacionais por temporada, títulos atribuídos não por uma fase regular de todos contra todos, mas sim por uma época de play-off para a qual se apuram os oito primeiros classificados de cada torneio, Apertura e Clausura, a Liga MX vai muito mais além do que isso e encerra características sem paralelo no Mundo. Algumas delas polémicas.

Antes disso, uma breve explicação do formato de competição. Cada torneio é composto por 17 jornadas de todos contra todos a uma volta, com o calendário a espelhar o fator casa na segunda metade da época. Os oito primeiros classificados de cada torneio, lá está, qualificam-se para a Liguilla, a Fiesta Grande, com o primeiro a jogar frente ao oitavo, o segundo frente ao sétimo, o terceiro frente ao sexto e o quarto contra o quinto classificado. A fase final é disputada a duas mãos e não existindo a regra dos golos fora, as eliminatórias são desempatadas pela classificação da fase regular. Em caso de empate, avança rumo à eliminatória seguinte a equipa melhor posicionada durante a fase regular.

Nem as descidas de divisão são lineares na Liga MX. Para descer de divisão no México é preciso ser-se realmente muito mau, durante muito tempo. Afinal, só desce de divisão a equipa que tenha recolhido o menor número de pontos ao longo dos últimos seis torneios, ou seja, ao longo das últimas três temporadas. No caso das equipas recém promovidas, apenas são tidos em conta os resultados da temporada em questão, dividindo o total de pontos por menos jogos, para o bem e para o mal. Porém, nem isto é linear. Com a Liga MX a caminhar no sentido de se tornar uma liga de franquias e sem promoções/despromoções, é possível evitar a despromoção com o pagamento de uma multa, tal como aconteceu na temporada passada com o Lobos BUAP. Esta é, porém, uma questão ainda sem uma decisão definitiva e cujos casos e resolução final dependem de muitas outras questões. Adiante.

A verdade é que ambas as características da liga relacionadas com a estrutura da competição garante à Liga MX uma espetacularidade e competitividade ímpar. Cada uma das fases regulares é jogada ao milímetro e todas as jornadas realmente contam, com a competitividade da competição a chegar aos últimos minutos de cada um dos torneios - nos últimas nove temporadas seis equipas diferentes levantaram um título mexicano e raramente um clube consegue sagrar-se bicampeão. Neste Apertura, por exemplo, na última jornada, ainda haviam quatro equipas a lutar pelos dois lugares finais na Fiesta Grande, tal a aproximação pontual entre os oito primeiros classificados. Algo recorrente e que obriga os clubes a manter o empenho máximo ao longo das 17 jornadas e a lutar sempre por uma vitória já que todos os pontos contam, até por questões de classificação final que, como vimos, ajudam no desempate durante o play-off - sendo que até 2017 certos lugares na fase regular valiam também a classificação para a Copa Libertadores e para a Liga dos Campeões da CONCACAF, com os clubes mexicanos a participarem somente na CONCACAF, a partir de então, a nível internacional.

Além disto, a organização relacionada com as descidas de divisão permitem ainda que os clubes menos poderosos da Liga MX estejam mais protegidos e tenham vários torneios para se fortalecerem. Isto permite que dentro de campo as equipas sejam mais aventureiras e não se preocupem tanto em defender e com os resultados dos seus jogos, havendo por isso espaço para o “jogar bem”, contribuindo para o nível futebolístico da Liga MX como um todo. Assim, ao contrário do que sucede na Europa, uma temporada menos bem conseguida por parte de determinada equipa não significa automaticamente uma descida de divisão.