Prolongamento
“Seria terrível se a corrupção acabasse. Ana Gomes e Ventura perdiam o negócio"
2020-02-26 12:55:00
Ironia de José Miguel Júdice para criticar “dois gémeos siameses”, ou “farinha do mesmo saco”

José Miguel Júdice considerou, no seu espaço de opinião na 'Edição da Noite', da SIC Notícias, que “Ana Gomes e André Ventura são gémeos siameses”.

“Eu acho que eles vão ficar muito ofendidos. Mas se eles ficarem ofendidos com isso, eu digo que eles farinha do mesmo saco. E se mesmo assim ficarem ofendidos, eu digo ‘olhe, paciência’…”, começou por dizer o advogado.

“Eles gostam de ofender tudo e todos. São uns vidrinhos. Não se lhes pode dizer nada. Claro que o André Ventura não costuma ser malcriado...”, acrescentou, sugerindo que Ana Gomes costuma. Para não ficarem dúvidas, confirma-o: “É de tal maneira óbvio”.

Outra característica em comum é a “energia negativa muito forte” que ambos carregam.

Porém, há muitos aspetos que os distinguem, o que se estranha em "gémeos siameses”. Júdice concorda. “Claro que em casa as pessoas vão dizer: ‘mas eles são tão diferentes…’”, diz. E como podem ser “gémeos siameses” ou “farinha do mesmo saco” se são assim tão diferentes?

“A Ana Gomes não gosta de clubes de futebol, não gosta de banqueiros, não gosta de angolanos ricos, não gosta de tudo o que cheire a Direito e não gosta do Chega. Mas o André, que gosta muito do futebol e até vive dele, não gosta de imigrantes, não gosta de ciganos, não gosta de criminosos, até quer castrá-los… E até não gosta nada que cheire a Bloco de Esquerda e à Esquerda”, dispara o advogado.

Em contraponto, “a Ana gosta disto tudo. E até gosta de alguns criminosos”, aponta Júdice, numa alusão a Rui Pinto.  

Prosseguindo o raciocínio e concordando que Ana Gomes e André Ventura “aparentemente não poderiam ser pessoas tão diferentes”, José Miguel Júdice realça que “ambos não gostam da mesma maneira”.

“Eu acho que isso é o que os define. A maneira como não gostam é a mesma. Eles não gostam das elites, do sistema, dos partidos moderados, abriram lojas na rua do descontentamento, dos abstencionistas, daqueles que dizem ‘isto só lá vai à bruta’, ambos têm a corrupção como objetivo. E seria terrível se a corrupção acabasse. Ana Gomes e André Ventura perdiam o negócio. No fundo eles lutam basicamente pelo mesmo tipo de pessoas. Um do lado da esquerda, outro do lado da direita. Ambos são populistas e demagogos”, considera.

Júdice entende também que “todos os conceitos técnicos e científicos para definir populismo” estão presentes na ex-eurodeputada e no líder do Chega. ´

“Ambos têm voz grossa, são estridentes. O André é menos estridente do que a Ana. São ambos do contra, contra tudo e contra todos. Não se lhes vê uma solução”, avança, neste raciocínio que pretende “definir as duas personalidades e não julgá-las”.

Instado a apontar algo de positivo que no discurso de Ana Gomes e Ventura, Júdice volta a ironizar: “Todos nós, quando vamos a uma mercearia e compramos uma comida boa de um senhor que vive em dificuldades, fazemos bem ao país…”.

Numa análise a uma sondagem à Presidenciais, que aponta uma queda de Marcelo e cerca de 20 por cento de intenções de voto em Ana Gomes e André Ventura, Júdice termina com um apelo “àqueles que não se reveem” em nenhum deles: “que não se deixem vencer pela inércia”.

E em matéria de comunicação, Ana e André também têm pontos em comum, que poderão ser úteis numa eventual candidatura presidencial.

"São duas pessoas que têm uma capacidade de comunicação muito grande em televisão. Eu vi o debate entre Miguel Sousa Tavares e André Ventura. E um amigo meu disse-me que "o Sousa Tavares desfê-lo". Não! Quem desfez o Sousa Tavares foi ele! E ela também desfaz quem se lhe meta à frente", conclui.