Paulo Pedroso, antigo ministro no governo de António Guterres, olha com desconforto para a manutenção de Rui Pinto em prisão preventiva e pede que o pirata informático seja libertado "imediatamente". "Dizê-lo é defender a justiça e a democracia", diz o ex-deputado socialista.

"A minha simpatia vai toda para com o preso preventivo Rui Pinto. Não há nos crimes de que está indiciado nada que justifique o excesso de prisão preventiva a que está sujeito. Não vislumbro porque razões judiciais não pode aguardar julgamento em liberdade", assinala também Paulo Pedroso, em artigo de opinião no 'Diário de Notícias', deixando claro que o seu comentário está alinhado na questão da prisão preventiva e não nos eventuais crimes de que é suspeito.

"Não me encontro entre os entusiastas do ativismo hacker (...) Não me agrada a ideia de que a tecnologia nos vai permitir ser uma sociedade de justiceiros candidatos a super-heróis, que quais Batman ou Super-Homem, nos livram do mal pelos seus próprios critérios privativos de bem e justiça", deixa claro o antigo deputado socialista.

Paulo Pedroso, que chegou a ser detido no âmbito do caso Casa Pia, lembra a experiência pela qual passou para falar do momento que Rui Pinto atravessa.

"Quando há uma privação da liberdade que não tem explicação jurídica, sentir-me-ei para sempre à luz da minha própria experiência pessoal preso com todos os que estão ilegítima e desproporcionalmente presos sem terem sido julgados e condenados."

Paulo Pedroso realça ainda que a prisão preventiva "não é uma punição antecipada" e não crê que esta possa ser encarada como "um instrumento que devamos aceitar como trivial".

Daí que, o ex-deputado do PS entenda que manter Rui Pinto preso passe por ter um "efeito de condenação em sede de tribunal popular" e o prolongamento da prisão preventiva tem um efeito objetivo de "enfraquecimento" e até "negação" da "presunção de inocência" a que está sujeito antes do julgamento como qualquer pessoa.

Paulo Pedroso entende que Rui Pinto hoje "só está preso porque há quem queira criar em nós a ideia de que ele é culpado antes de ser julgado".

Recentemente, recorde-se, um pequeno grupo de pessoas presentes nas galerias da Assembleia da República interrompeu, por breves momentos, os trabalhos parlamentares ao pedir “liberdade” para Rui Pinto, criador do 'Football Leaks' e autor das revelações do caso 'Luanda Leaks'.