Prolongamento
"Qual a razão para certos leaks serem livremente usados e outros não?"
2020-01-20 16:45:00
Ex-membro luso da FIFA questiona tratamento dado às informações do Luanda Leaks e compara com o que se fez com Rui Pinto

Miguel Poiares Maduro, antigo presidente do Comité de Governação da FIFA, não compreende a forma como se estão a usar, nas últimas horas, documentos do 'Luanda Leaks' e faz a comparação com os relatórios passados por Rui Pinto através do Football Leaks.

"Pergunta desconfortável: qual a razão para certos leaks poderem ser livremente usados e outros não? Alguém me explica o critério por detrás do diferente tratamento que diferentes leaks têm em Portugal?", questionou o antigo ministro do governo de Pedro Passos Coelho.

Em nota publicada no Twitter, o antigo governante questiona o tratamento que tem sido dado ao hacker português Rui Pinto.

Um grupo de jornalistas de investigação revelou, nas últimas horas, mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de “Luanda Leaks”, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais os portugueses Expresso e SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.

Durante a investigação, foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.