Prolongamento
"Muita gente quer apanhar" ficheiros de Rui Pinto, diz Ana Gomes
2019-03-11 16:05:00
Eurodeputada critica inércia do Estado português e fala em "panelinhas”

No seu espaço de comentário na SIC Notícias, Ana Gomes considerou, neste domingo, que o Estado “tem responsabilidades tremendas” na proteção de Rui Pinto, caso se confirme a extradição, que está em fase de recurso.

“O Estado português tem de garantir proteção especial a Rui Pinto, mas também tem de garantir proteção aos ficheiros, que é se calhar o que muita gente quer apanhar, para não se saber nem apurar o que esses ficheiros revelam”, disse.

A eurodeputada sublinha o “interesse público” das descobertas feitas através do LuxLeaks e do FootLeaks. E aguarda que se tomem medidas: “Espero que, por uma vez, as autoridades portuguesas façam o que têm a fazer, no sentido de recuperar ativos, com base nas informações (que são de total interesse público) de Rui Pinto”.

Ana Gomes dá como exemplo as intervenções de autoridades de outros países, que usaram as informações obtidas para chamar à Justiça quem prevaricou. “É estranho que o Estado – a partir do momento em que se soube do LuxLeaks – não tenha feito nada. Outros países (França, Espanha, Alemanha) foram recuperar milhões à conta das informações do LuxLeaks. Ronaldo, Mourinho e outros tiveram de pagar ‘forte e feio’. E de Portugal não temos nenhuma indicação nem das autoridades tributárias nem de outras, de que se tenha recuperado um cêntimo que seja", lamenta.

Para a eurodeputada, será difícil que este tema passe despercebido e termine sem consequências. “O assunto tem muitos holofotes a nível internacional. Isto não é uma questão que possa ser tratada no esquema habitual de 'panelinhas', que infelizmente são muito frequentes no nosso país. Sabia-se de que Rui Pinto era um dos denunciantes do FootLeaks. E não houve interesse nenhum, até que de repente a PJ atua ‘a toque de caixa’ de um fundo, dirigido por uma máfia cazaque, com sede em Malta. Muito estranho…”, acusa.

Recorde-se que Rui Pinto recorreu da decisão do juiz, de extradição para Portugal.