Prolongamento
Carta aberta em defesa de Rui Pinto com signatários europeus
2019-05-23 16:05:00
Eurodeputada Ana Gomes é uma das subscritoras, entre outras figuras de nível europeu

Vários jornais europeus publicaram uma carta aberta em defesa de Rui Pinto, subscrita por cerca de meia centena de personalidades, incluindo uma eurodeputada, a portuguesa Ana Gomes.

A missiva refere que "a recente extradição do denunciante" do caso Football Leaks, "que revelou informação de interesse público", oferece "uma oportunidade única para o sistema judicial europeu" em relação ao combate à corrupção.

Instando a União Europeia a "proteger os denunciantes", os signatários – políticos, diretores de jornais e jornalistas, representantes de organizações não governamentais e várias outras personalidades – classificam a detenção de Rui Pinto, pela justiça portuguesa, como "um retrocesso na luta europeia contra a corrupção".

"Não fornecer uma proteção suficiente às fontes de informação que são usadas como prova para combater a corrupção não é apenas uma questão de haver dois pesos e duas medidas, trata-se de um retrocesso na luta da União Europeia contra a corrupção", sustenta o texto.

A detenção de Rui Pinto tornou público que existem "interesses opostos".

"Enquanto um dos lados está concentrado em castigar a denúncia de irregularidades, o outro está empenhado em combater a corrupção, protegendo para isso os denunciantes", argumentam os signatários.

Sobre o caso Football Leaks, a carta lembra que as revelações feitas por Rui Pinto "deram início a investigações judiciais na Europa, incluindo França, Bélgica, Suíça e Espanha, e nos Estados Unidos", partilhando a importância de outras "revelações" mediáticas, como os casos Luxleaks, Panama Papers e Paradise Papers.

"Enquanto as autoridades portuguesas querem processar Rui Pinto, congéneres europeias como da França e da Bélgica depende das informações que ele possui para continuar as investições sobre futebolistas e clubes, necessitando do testemunho dele", complementa ainda a carta, lembrando a coligação judicial de nove países que se encontra a investigar o caso Football Leaks.

Eva Joly, vice-presidente da comissão de combate aos crimes fiscais e evasão fiscal, é uma das cerca de uma dezena de eurodeputados que assinaram esta carta aberta.

Rui Pinto, em prisão preventiva desde 22 de março, está indiciado pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.