Prolongamento
Imprensa angolana destaca “falta de força competitiva” dos Palancas Negras
2019-07-03 14:55:00
Seleção eliminada da CAN por culpa de "uma ténue intenção de vencer e falta de músculo"

O Jornal de Angola destaca hoje a eliminação de Angola da Taça Africana das Nações de futebol (CAN2019), criticando a "falta de força competitiva" dos ‘Palancas Negras’ e a "ténue intenção de vencer" contrariada pela "falta de músculo".

Num tom bastante crítico à participação da seleção angolana na CAN2019, que decorre no Egito até 19 de julho, o Jornal de Angola fala de uma equipa que "finge que joga", ao mesmo tempo que a Federação Angolana de Futebol (FAF) "faz de conta que honra os compromissos", em alusão ao não pagamento dos prémios dos jogos durante a fase de qualificação para a competição máxima do continente africano.

"Sempre a fingir que jogam, enquanto a Federação faz de conta que honra os compromissos, os ‘Palancas Negras' mostraram mais do mesmo. Uma ténue intenção de vencer, porém contrariada pela falta de músculo para as despesas do ataque. Até Gelson Dala, elemento mais esclarecido no processo ofensivo, foi incapaz de evitar que a seleção nacional seguisse o destino da congénere do Quénia, fracasso aplaudido pelos ‘Bafana Bafana' da África do Sul, qualificados no hotel, diante do televisor", escreve o diário angolano.

Incluída no Grupo E, Angola empatou a um golo com a Tunísia e a zero com a Mauritânia, tendo saído derrotada, terça-feira, pelo Mali por 1-0, o que ditou o afastamento da prova.

"As contas eram simples. Bastava somar um ponto aos dois conquistados frente à Tunísia e à Mauritânia. (...) Talvez amedrontados pela possibilidade de defrontarem os Camarões e o Gana, ou nas contas mais desfavoráveis o Egito, no Estádio Internacional do Cairo, os pupilos do sérvio Srdjan Vasiljevic mostraram tudo menos competência para merecer a continuidade na competição", acrescenta o Jornal de Angola.

Para o diário angolano, "veio ao de cima o clima pesado instalado há uma semana no balneário", que foi "mal dissimulado pela direção encabeçada por Artur Almeida e Silva que, no calor de uma discussão, antes do jogo com a Mauritânia, chegou a apontar a porta de saída ao selecionador".

"A falta de sintonia entre a equipa, aparentemente blindada pelos treinadores, e os dirigentes facilitou a tarefa aos adversários, que defrontaram um opositor afetado no plano motivacional. A desconfiança mútua fez com que os discursos a apontar à vitória e consequente apuramento não passassem de soltas ao vento, livres de qualquer compromisso", observa o único diário angolano impresso.

Para o Jornal de Angola, o afastamento "precoce" da CAN2019 "remete para uma reflexão séria do futuro da seleção nacional, por forma a definir em que bases se vai disputar o apuramento para o Mundial do Qatar em 2022".

"Muitos jogadores presentes no Egito já manifestaram indisponibilidade quanto a futuros compromissos, num quadro de défice organizativo e incumprimento de acordos", lê-se no diário angolano, que não adianta nomes de jogadores.

Parte das críticas do Jornal de Angola são partilhadas elo selecionador de Angola, o sérvio Srdan Vasiljevic, que admitiu que a falta de aproveitamento das oportunidades criadas - três bolas no poste - foi a causa da derrota diante do Mali e o consequente afastamento da CAN/19.

Ao falar aos jornalistas logo após o jogo de terça-feira, o técnico sérvio referiu que o resultado seria diferente caso os dianteiros angolanos não fossem tão perdulários, ao longo dos três jogos, pelo que pediu "desculpas" ao povo angolano.

Questionado sobre a continuidade no comando da seleção, o sérvio, que tem contrato até dezembro, argumentou não ser momento certo e próprio para abordar a questão.

"Há necessidade de uma análise muito mais profunda sobre o desenvolvimento do futebol" angolano, afirmou.

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