Prolongamento
Filipe Gonçalves: da final ganha pelo Vitória FC a referência da UD Oliveirense
2018-01-22 21:30:00
Médio esteve na conquista da primeira Taça da Liga e tenta agora alcançar a final precisamente frente ao Vitória FC

A 22 de Março de 2008 conquistava a primeira Taça da Liga da história do futebol português ao serviço do Vitória de Setúbal e uma década depois tenta agora chegar novamente à final da competição, desta feita pela União Desportiva Oliveirense, precisamente frente ao clube que o conduziu à glória. Aos 33 anos, Filipe Gonçalves está, assim, a viver uma fase no mínimo diferente na longa carreira. "É um momento curioso e muito especial", refere o centro-campista, que teve papel fundamental na caminhada da equipa de Oliveira de Azeméis até às meias-finais fruto do golo que apontou em Santa Maria da Feira no empate a dois golos registado diante do Feirense. 

O "magnífico trajeto" da União Desportiva Oliveirense não deixa necessariamente de ser enfatizado pelo veterano centro-campista. Na verdade, os nortenhos não perderam um único jogo na fase de grupos: golearam em Guimarães, por 4-1, empataram a zero com o Moreirense, detentor do troféu, e registaram a tal igualdade a dois golos frente ao Feirense, conquistando o primeiro lugar do respetivo grupo. "Fizemos uma caminhada excelente até aqui com grandes exibições e muita ambição", sustenta. A mesma ambição que Filipe Gonçalves espera ver no relvado esta terça-feira frente ao Vitória de Setúbal na primeira meia-final. "Vamos tentar ganhar e chegar à final. Obviamente, temos noção de que existem diferenças, quer de escalão, de orçamentos e provavelmente na qualidade das equipas, mas, a partir do momento em que entramos em campo, somos onze contra onze. Vamos tentar fazer o nosso melhor e esperamos sair vitoriosos."

Neste contexto, Filipe Gonçalves sublinha o "tremendo orgulho" que seria chegar à final da Taça da Liga. Como o sonho comanda a vida, o médio fala não só em chegar ao jogo decisivo, como também em vencê-lo. "Seria um orgulho enorme uma equipa como a Oliveirense levantar um troféu como este, que supostamente foi feito e é considerado um troféu para os chamados grandes de Portugal."

O médio da União Desportiva Oliveirense é um dos poucos jogadores a nível nacional que já saboreou esta conquista. No Estádio do Algarve, perante o Sporting, o Vitória de Setúbal, na altura orientado por Carlos Carvalhal, atual técnico do Swansea, empatou a zero com os leões, que tinham então Paulo Bento no comando técnico e jogadores como Rui Patrício, João Moutinho, Miguel Veloso, Izmailov e Liedson. O desafio seguiu para as grandes penalidades onde os sadinos levaram a melhor por 3-2. Auri, Cláuduio Pitbull e Elias converteram para os sadinos, enquanto pelo Sporting só marcaram Romagnoli e João Moutinho, tendo falhado Polga, Liedson e Izmailov, no lance decisivo.

Da equipa vitoriana faziam parte jogadores como Eduardo, o grande herói da final, Janício, Robson, Auri, Elias, Sandro, Ricardo Chaves, Bruno Gama, Cláudio Pitbull e Filipe Gonçalves. O agora médio da União Desportiva Oliveirense, então com 23 anos, entrou aos 78 minutos para o lugar de Leandro Branco ajudando na consumação do feito dos sadinos, que conquistaram desta forma a primeira Taça da Liga da história do futebol português.

Com vasta experiência na Liga principal, Filipe Gonçalves chegou a Oliveira de Azeméis no início da temporada, tendo estado parado dois meses devido a lesão. Um facto que não esmoreceu o centro-campista. O balanço tem sido "positivo", sublinha o jogador, só lamentando o facto de a equipa nortenha não estar mais confortável na tabela classificativa. "Merecíamos estar mais acima na classificação, tendo em conta o futebol que praticamos e a qualidade que estamos a evidenciar. A Taça da Liga é a prova disso mesmo."

A União Desportiva Oliveirense perdeu na última jornada em casa diante do Vitória de Guimarães por 2-1 e viu-se relegada para os lugares de despromoção, pelo que a continuidade na segunda liga surge como grande prioridade. O conjunto de Oliveira de Azeméis soma 22 pontos, mais dois do que o SC Braga B, tantos quanto Gil Vicente e Varzim, e menos um do que Vitória de Guimarães B e União da Madeira.

A experiência nestas circunstâncias costuma ser factor importante e Filipe Gonçalves tenta passar sobretudo tranquilidade aos mais jovens. "Quando há qualidade, há ambição e se tiverem tranquilidade e confiança nas capacidades, as coisas fluem de forma mais natural", afirma, acrescentando: "Como jovens, aceitam os conselhos que lhes dou. Isto sem eu querer ser mais do que eles. Sou mais um, quero ajudá-los e ajudar a nossa equipa. É para isso que trabalhamos, para fazer um grupo forte e unido e conseguirmos os nossos objetivos.”

Filipe Gonçalves (na foto a comemorar o golo apontado em Santa Maria da Feira) é titular indiscutível da União Desportiva Oliveirense, ume extensão dos ideais do treinador Pedro Miguel em campo. Dos 16 jogos que realizou, pese embora a arrealiadora lesão que o atormentou, 15 foram nessa condição, saíndo do banco de suplentes apenas de um, quando ainda tentava readquirir o ritmo competitivo após o problema físico sofrido. Batalhador, afinal trata-se de um médio de cariz mais defensivo, já viu por sete vezes o cartão amarelo, tendo apontado um golo, o tal frente ao Feirense, precisamente na Taça da Liga.

O camisola 6 é o segundo mais velho do plantel, a par do extremo Diogo Valente, ex jogador do FC Porto e do Boavista, entre outros, do guarda-redes Coelho e do colega de sector Oliveira. O mais veterano de todos é o médio Gabi, que conta 36 anos. A União Desportiva Oliveirense é o 11ª clube da vasta carreira de Filipe Gonçalves, que até já passou pela Polónia.

Tudo começou, no entanto, ao serviço do SC Espinho, o clube da terra, decorria a época 2002/03. As boas exibições não demoraram a despertar a cobiça do SC Braga. Alinhou pela equipa secundária e pela principal dos arsenalistas, após o que foi cedido por empréstimo ao Leixões e ao... Vitória de Setúbal, na tal época em que conquistou a Taça da Liga e ao longo da qual fez 35 jogos correspondentes a dois golos, por sinal, a melhor temporada da carreira até então.

Na época seguinte, Filipe Gonçalves rumou a Paços de Ferreira, representando consecutivamente Trofense, Moreirense, Estoril Praia, Moreirense, de novo, Slask Wroclaw e Nacional, antes de rumar à União Desportiva Oliveirense. A única experiência fora de portas teve, portanto, lugar na Polónia e durou somente seis meses, durante os quais realizou 18 jogos e marcou dois golos. O interesse do Nacional levou a que regressasse a Portugal no ínicio de 2017 mas também não esteve muito tempo na Madeira, até porque o clube acabou por descer de divisão.Filipe Gonçalves iniciou, então, um novo ciclo na carreira, desta feita na União Desportiva Oliveirense.