Prolongamento
Controlos antidoping suspensos após "susto" com atleta infetado com covid-19
2020-04-11 10:20:00
Presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal desvenda situação

Dois médicos da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) efetuaram um controlo a um atleta sem saber que estava infetado com covid-19 e a situação causou alarme e a suspensão dos testes, revelou o presidente do organismo, Manuel Brito.

“Tivemos um susto. Após um controlo, tivemos conhecimento de que um atleta estrangeiro estava infetado. Os nossos médicos que fizeram o controlo tiveram de ir para quarentena. Isso colocou-nos numa situação de responsabilidade muito elevada, porque ainda não estava declarado o estado de emergência no país, e tomei logo medidas drásticas para não pôr em risco os atletas e os nossos médicos”, adiantou o presidente da ADoP à Lusa.

O caso teve lugar na prova de ginástica Maia International Acro Cup, que juntou cerca de mil atletas entre 04 e 08 de março, e envolveu um ginasta bielorrusso [sendo que outro atleta belga foi também diagnosticado com covid-19 mas sem ter sido sujeito a teste antidoping].

O líder da ADoP garantiu que o atleta “recuperou bem” e os médicos “não foram contaminados”, depois de desencadeados os protocolos de segurança.

“Fizemos o controlo em 08 de março ao atleta bielorrusso. Enviámos para Espanha e o laboratório de Madrid recebeu no dia 11. A Federação de Ginástica de Portugal informou-nos no dia 12 e, nesse mesmo dia, informámos o Governo, a Agência Mundial Antidopagem (AMA) e o laboratório de Madrid. Fechei ‘a loja’ no dia 13 de março. Isto foi determinante para suspender os controlos”, explicou.

Enaltecendo o acompanhamento e o apoio do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, “em todo o processo e todas as decisões”, Manuel Brito observou que a “grande cautela” que já existia no organismo face à disseminação do novo coronavírus passou a “estado de alarme” com este caso.

A preocupação da ADoP – que trabalha ainda com os laboratórios de Barcelona e Gante, na Bélgica - estendeu-se a Madrid, não só porque havia colegas da autoridade espanhola doentes com covid-19, mas, sobretudo, porque a amostra tinha sido alvo de tratamento.

“A urina ficou congelada, mas já tinham feito o tratamento do sangue e as técnicas que o manipularam tiveram de entrar em quarentena. O laboratório já estava fechado, mas tomaram todas as medidas de segurança em relação a esta informação”, explicou, realçando que “em dois dias” todo o processo foi comunicado às autoridades nacionais e internacionais e solucionado.

Com a suspensão dos testes da ADoP, Manuel Brito revelou também que os cerca de 60 médicos e enfermeiros que integram a equipa de responsáveis de controlo de dopagem foram mobilizados para o combate à pandemia no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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