Prolongamento
“Até parece que Jesus é o génio da bola e descobriu o futebol brasileiro…”
2019-10-09 15:55:00
Críticas (e elogios) a Jorge Jesus, defesa do treinador local, o marasmo, bossa nova e a “porcaria da música brasileira”

O Flamengo caminha (aparentemente) imparável rumo ao título, ainda que a caminhada esteja longe do fim, e segue igualmente firme na Libertadores.

No Brasil, Jorge Jesus vai colecionando elogios, merecidos, depois de uma onda de críticas, aos primeiros desaires. Críticas de quem aguardava o primeiro deslize para apontar o dedo ao técnico português.

Acontece que nem na crista da onda Jesus recolhe unanimidade.

Num debate da da Fox Sports, em que Jorge Jesus foi classificado por Flávio Gomes como “a personagem do ano” no futebol brasileiro, surgiu o contraditório.

Apesar de não querer “tirar mérito” ao trabalho do técnico do Flamengo, Paulo Lima, comentador daquele canal, não evitou algumas frases fortes, na defesa dos treinadores brasileiros.  

“Num período de três meses, a fase do Flamengo é de excelência. E tem equipa para ganhar o campeonato e a Libertadores. Tem equipa, qualidade e um bom treinador”, referiu Paulo Lima, para, logo a seguir, rebater o argumento de que existe preconceito contra o que é europeu.  

“Parem com isso. Desfilam aqui grandes técnicos da Europa, que estão a trabalhar”, insistiu.

Depois, críticas ao “comportamento” de Jorge Jesus e ao modo como se expressa no banco de suplentes.

“Nunca vimos aquele tipo de comportamento. É a maneira de ele [Jorge Jesus] e nós temos de respeitar. Se isso traz benefícios ao Flamengo, ótimo”, enquadrou.

Mas não fica convencido com a qualificação de 'técnico revolucionário', que o treinador português granjeia, em muitos setores da crítica.

“Não me venham dizer que isso é um padrão de qualidade e de referência para o futebol europeu, porque não é. Agora, desmerecer o futebol brasileiro – e técnicos que fizeram o nosso país ser o que é no futebol – por um trabalho de três quatro meses… Não dá para tirar o mérito e a qualidade do nosso treinador. Jesus veio para cá para revolucionar? Uma equipa jogar como o Flamengo joga já cansámos de ver aqui…”, referiu, citando grandes equipas da história do Brasil.   

Sobre Jesus, “temos de bater palmas, reverenciar, mas calma…”.

“Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Vamos carregar esse andor, mas sabendo que nesse andor há gente que carrega esse futebol brasileiro nas costas há muito, muito, muito tempo”, continuou Paulo Lima.  

“Até parece que Jesus é o génio da bola e descobriu o futebol brasileiro… Não é assim”, acrescentou.

A conversa prosseguiu e entrou no “marasmo” em que entrou o futebol brasileiro. E por falar em marasmo, seguiu-se um paralelismo com a música, feito por Flávio Gomes.

“O Brasil vive uma indigência intelectual, criativa e transgressora que é assustadora. Olhem para a música. Como é que vamos comparar a explosão criativa da época da bossa nova com esta porcaria que é a música brasileira hoje? Com este lixo estético que é a música brasileira hoje?”, questionou Flávio Gomes.

Uma conversa interessante, a que pode assistir neste vídeo.