Prolongamento
Ana Gomes critica falhas no combate à corrupção e dá exemplo de Rui Pinto
2019-12-10 10:30:00
"É lamentável que uma pessoa que colaborou com instituições de justiça não esteja a ser considerada", diz

A ex-eurodeputada participou, nesta segunda-feira, em Guimarães, num evento inserido no Dia Internacional contra a Corrupção, que se comemorou ontem. 

E teceu duras críticas ao modo como o Governo e as autoridades portuguesas combatem aquele tipo de crime, apontando "muitas falhas" e "total falta de sensibilidade".

"Vemos muitas das instituições que deveriam ser as primeiras a pôr em prática a regulamentação, quer portuguesa, quer europeia, a perverterem esses instrumentos e a não protegerem os denunciantes que são, do meu ponto de vista, absolutamente essenciais para combater a corrupção", salientou, citada pela agência Lusa.

E ao falar em denunciantes, Ana Gomes estava a referir-se sobretudo a Rui Pinto: "Ele é um denunciante, nos termos da quarta diretiva contra o branqueamento de capitais que está em vigor em Portugal e na Europa".

Nesse sentido, defende a ex-eurodeputada, "é lamentável que uma pessoa que colaborou com instituições de justiça não esteja a ser considerada pelo Ministério Público em Portugal".

Na sua intervenção, a diplomata espera que essa situação seja "corrigido", para que "a criminalidade exposta por Rui Pinto tenha tanta ou mais atenção do que a criminalidade que o Ministério Público imputa a Rui Pinto".

Ana Gomes criticou o sistema judicial, mas também o poder político, cujos "sinais que tem dado não são consequentes com as palavras", no que concerne ao combate à corrupção.

De acordo com a ex-eurdeputada, Portugal tem "falhado de forma clamorosa", na transposição da legislação europeia.

"Há contradições do próprio programa deste Governo que fala em combate à corrupção, mas depois tem medidas como facilitar e permitir que aumentem os 'vistos gold'. E há muita falta de meios técnicos e humanos", apontou ainda Ana Gomes.

"Quando vemos indivíduos como Ricardo Salgado e seus cúmplices a dispor de tremendos recursos em Portugal e em 'offshores' e por via desses meios a poder perturbar as investigações, ficamos preocupados", concluiu.