Prolongamento
Académica já esteve quase lá e promete o regresso à elite nesta época
2018-02-06 20:00:00
Após a queda à Segunda Liga e de quase conseguir o regresso na época passada, 2018 tem tudo para ser o ano da Académica.

O regresso à elite já ali ao lado? Depois de ter estado perto de alcançar a façanha de voltar ao principal escalão do futebol português em 2016/17, a Académica está no bom caminho para o fazer nesta temporada, com o segundo lugar na Segunda Liga, precisamente o primeiro que dá acesso aos grandes palcos do nosso desporto rei, tendo em conta que o FC Porto B não pode subir de divisão. Foi em 2015/16 que os estudantes viram o mundo desabar, quando ficaram no último posto do campeonato português e viram terminar uma série de 14 épocas consecutivas a pisar os relvados do principal escalão.

Aclamada como um dos históricos emblemas do futebol português, dado o vasto legado que já deixou naquele que todos conhecemos como desporto rei, a Académica vive, por agora, dias com menor ribalta do que outrora. Vencedor da Taça de Portugal em duas ocasiões (2011/12 e 1938/39), o emblema da cidade de Coimbra tem como primordial objetivo para esta época o regresso ao principal escalão e os adeptos não têm deixado esse mesmo propósito passar ao lado. O Estádio Cidade de Coimbra tem sido palco de várias romarias da parte dos aficionados do clube, mesmo jogando no segundo escalão. Prova disso mesmo foram as quatro mil pessoas nas bancadas na receção de domingo ao Santa Clara, números superiores àqueles que muitas equipas da Primeira Liga apresentam no próprio estádio.

Ricardo Soares, o clique que faltava

A verdade é que, apesar da atual posição da Académica, nem tudo começou bem para os estudantes no início da temporada. Com Ivo Vieira no comando técnico, o emblema de Coimbra somou seis triunfos, dois empates e cinco desaires nas 13 primeiras jornadas do segundo escalão. O mês de novembro viu chegar um novo timoneiro ao clube, com o nome de Ricardo Soares. Desde então, a Académica passou de sexto para segundo classificado e a subida de divisão é agora um sonho que está cada vez mais perto de se tornar realidade.

Crédito: Académica

No seguimento de uma experiência no Aves que terminou de forma precoce, Ricardo Soares deu azo à expressão do “dar um passo atrás para dar dois à frente”. O técnico natural de Felgueiras regressou ao segundo escalão, depois das passagens por Aves e GD Chaves e tem realizado um trabalho de assinalar ao serviço da Académica. Em 12 compromissos já realizados pelos estudantes, são sete os triunfos, com três empates e dois desaires pelo meio.

Ainda assim, nem tudo tem sido um mar de rosas para Ricardo Soares em Coimbra. O treinador tem tido a arbitragem como alvo em tempos recentes, tal como o fez após a última partida, a derrota diante do Santa Clara no passado fim de semana. Bruno Paixão foi o principal visado por Ricardo Soares. "Isto é abuso de poder. Não nos podemos defender de maneira nenhuma. Já fui expulso por não me ter portado bem e reconheci, mas não podemos aceitar este tipo de situações", foram algumas das palavras do treinador na conferência de imprensa após o encontro com os açorianos.

Quanto à possibilidade da subida à elite do futebol português, Ricardo Soares prefere debruçar os olhos no dia a dia, jogo a jogo, pois “ainda muita água vai correr debaixo da ponte. Temos consciência de que o nosso lugar é bom, mas de nada vale. (...) No futebol nada é adquirido. Só com muito esforço e dedicação se consegue vencer. Se conquistámos pontos aos adversários nos últimos jogos porque é que isso não pode acontecer ao contrário nos próximos? Na Académica não somos mais do que ninguém", reiterou o treinador do conjunto de Coimbra em conferência de imprensa no início do mês.

A experiência encontra a juventude

A receita para o sucesso da Académica nesta época? Se olharmos para o plantel dos estudantes, observamos uma clara junção entre a experiência e a juventude, combinação que tem dado frutos até ao momento. À bitola de nomes como Zé Castro, Marinho, João Real, Fernando Alexandre (passou por uma lesão grave, mas regressou recentemente aos relvados, com vontade de jogar. "Ninguém gosta de estar lesionado. Sou um apaixonado por aquilo que faço, pela minha profissão, por este clube e obviamente que custa estar de fora", referiu após o retorno, em declarações citadas pelo jornal Record), ou Tozé Marreco, o clube junta a irreverência de jogadores como Chiquinho, Ricardo Guima, Piqueti (adquirido no mercado de inverno), entre outros.

Crédito: Académica

Ainda assim, é na experiência que vive a maior utilização, com apenas dois (Chiquinho e Ricardo Guima) dos onze jogadores mais utilizados a estarem abaixo dos 25 anos. Entre eles estão os trintões Marinho (34), João Real (34) e Nélson Pedroso (32). De referir ainda nesta lista de mais rodados as presenças de Djoussé (27), Ricardo Ribeiro (28), Mike Moura (28), Ricardo Dias (26), Harramiz (27) e Luisinho (27).

Um acordo para… ‘charters’ de chineses?

Lembra-se da mítica expressão “charters de chineses”, dita por Paulo Futre? Pois bem, a Académica aparenta querer dar lugar a essa mesma situação, com a assinatura de um acordo com a Ledman, anunciada no início da época corrente. A parceria em questão tem como intuito a inclusão de jogadores chineses nas camadas jovens dos estudantes, aliada à mudança de nome da Academia Briosa XXI para Academia Ledman.

O grupo asiático é, de facto, o principal investidor do segundo escalão do futebol português (se tem dúvidas, veja o nome do patrocinador da Segunda Liga…). “Somos uma empresa de alta tecnologia com investimentos na indústria do futebol. Já temos duas equipas profissionais, uma na China e outra na Austrália e queríamos muito ter um parceiro estratégico na Segunda Liga de Portugal e a Académica é o clube certo. Tem uma história muito longa, boas condições de treino e a Ledman pretende desenvolver jogadores chineses e ter a oportunidade de abrir o mercado chinês e australiano para os jogadores portugueses”, referiu o CEO da Ledman, Martin Lee, no momento da assinatura do acordo.

Ainda assim, não obstante o investimento da empresa na Académica, o clube de Coimbra continua a ser independente da Ledman, questão que o presidente dos estudantes, Pedro Roxo fez questão de frisar à comunicação social aquando do anúncio da parceria. “Vêm para as camadas jovens ou para o nosso clube satélite, mas se tiverem qualidade serão integrados na equipa principal. A Académica não é uma SAD, nem está à venda, e muito menos é o presidente que vai decidir sobre isso. Na Académica quem decide são os sócios e é assim que continuará a ser. Trata-se de um contrato de patrocínio que visa, única e exclusivamente, desenvolver a formação da Académica. Por isso não vai, nem pode interferir na gestão do clube.”