Portugal
William "gigante" no jogo de paciência que Ronaldo fez questão de agitar
2017-08-31 22:40:00
Portugal sabia que ia ter a bola por isso entrou com João Mário e Bernardo Silva, especialistas nesse particular

Esperava-se que a bola fosse de Portugal na partida desta quinta-feira frente à seleção faroense e as dúvidas recaiam sobre o que seria capaz, a seleção lusa, de fazer quando a tivesse. Com isso em mente, Fernando Santos fez entrar de início João Mário e Bernardo Silva, dois especialistas nesse particular, que partindo dos extremos, apareceram (quase) sempre em zonas mais interiores, dada a facilidade com que Eliseu e Cédric subiam nas respetivas laterais. Num jogo que exigia alguma paciência, William Carvalho foi “gigante”. Foi sobre ele que girou o ataque português, com a clarividência característica no seu jogo, foi encontrado os espaços para fazer rodar a bola, e esteve especialmente bem quando arriscou nos passes verticais para a zona central do ataque.

A seleção portuguesa entrou em campo a saber que o golo era uma questão de tempo, e apareceu num 4x4x2 com João Mário e Bernardo Silva nas alas, pelo menos no desenho. O que realmente aconteceu foi que estes dois jogadores, João no lado esquerdo e Bernardo no lado oposto, fletiam, constantemente, para o meio, criando inúmeras dificuldades à defensiva faroense que nunca encaixou com as marcações destes jogadores, sobretudo de Bernardo Silva. E foi num destes lances que, logo aos três minutos, Bernardo Silva surgiu, solto, no lado direito do ataque português e cruzou a bola para um golo de execução acrobática de Cristiano Ronaldo. O golo que faltava a CR7, segundo palavras do próprio no fim da partida.

Não foi o golo sofrido que fez alterar as intenções da seleção nórdica, que manteve os princípios de jogo planeados para o encontro, porque sejamos sinceros, não seria expectável que Lars Olsen pedisse aos seus jogadores que abandonassem a estratégia que traziam e partissem desalmadamente para o ataque. Sentada num 5x4x1, a seleção das Ilhas Faroé pouco incomodou Rui Patrício e não fosse uma desatenção da defensiva portuguesa, numa das poucas aparições da seleção faroense no ataque, se dava conta que o guarda-redes do Sporting estava em campo. O golo nórdico nasceu de um lançamento lateral mal aliviado por José Fonte que deixou a bola à mercê de Baldvinsson que numa excelente execução à meia-volta reduziu a desvantagem portuguesa.

Explicadas as raríssimas aventuras atacantes da seleção faroense voltemos ao jogo de paciência que aguardava aos comandados de Fernando Santos que teriam de apostar num jogo apoiado e de rápida circulação de bola, com João Moutinho em destaque, ou, como foi o caso de William Carvalho, de critério apurado. O médio do Sporting esteve em destaque na partida desta quinta-feira. Foi em torno dele que girou o ataque da seleção e foi do critério e qualidade de passe de William que Portugal, sobretudo na segunda-parte, conseguiu abrir brechas na defensiva contrária. Para além da assistência para Ronaldo carimbar o hat-trick, já havia, William, tentado um par de passes verticais que por pouco não resultaram em golo. Como prémio conseguiu mais um golo pela seleção nacional, novamente de cabeça, depois de o ter feito frente à Letónia no Estádio do Algarve.

Impossível seria escrever a crónica desta partida sem falar em Cristiano Ronaldo, conseguiu mais um hat-trick - o primeiro golo é de uma execução primorosa - e ainda teve tempo para assistir William para o terceiro golo da seleção nacional. O capitão já leva 14 golos em apenas seis jogos nesta fase de qualificação para o Mundial’2018. Menos positivo foi o jogo de André Silva que esteve bastante perdulário no momento de visar a baliza de Nielsen. Perdeu-se a conta das oportunidades desperdiçadas pelo ponta-de-lança do Milan.