Portugal
"Vieira comprou ações no Benfica com dinheiro do BES?", questiona Gomes da Silva
2020-01-10 15:00:00
Gomes da Silva quer respostas da CMVM sobre "um dos maiores devedores do país"

Rui Gomes da Silva admite que gostaria de obter algumas respostas por via do regulador financeiro a respeito da OPA lançada ao Benfica

O antigo vice-presidente encarnado, que já assumiu estar na corrida à liderança das águias no próximo ato eleitoral, partilhou um longo pensamento no blogue 'Novo Geração Benfica', onde dá conta de algumas dúvidas e interrogações para as quais aguarda resposta.

Entre outras indicações e ligações de Vieira a investidores, que podem vir a lucrar com a operação financeira, Gomes da Silva diz que "a questão das ações de Luis Filipe Vieira ainda não está respondida".

"O grande lote de ações que comprou foi posterior ao grupo inicial de grandes investidores. Serão as ações que detém mesmo suas? Foi o dinheiro utilizado na compra desse grande lote de ações proveniente do antigo BES?"

Daí que, para Gomes da Silva seja útil perceber se estas ações foram "incluídas no fundo" no âmbito da "reestruturação do património pessoal e de empresas terminada algures no final de 2017/princípio de 2018". 

O antigo vice-presidente, que já pertenceu a direções lideradas por Vieira, questiona se é legítimo que um "dos maiores devedores do país com mais de 600 milhões de euros em dívidas (dizem que quase 1000 milhões) num banco intervencionado e pago por todos contribuintes, e que só em 2019 recebeu mais de 1000 milhões de euros em apoios, dizer mesmo que é o beneficiário do valor de venda das ações quando sair do Benfica, se as mesmas tiverem sido compradas com dinheiro vindo do BES?"

No texto intitulado de "E se a OPA do SL Benfica fosse no país de Madoff?", numa lembrança àquele que é considerado o autor da maior fraude de sempre, e já condenado a 150 anos de prisão, nos EUA, por crimes financeiros, Gomes da Silva começa o texto com uma citação de António Costa.

Gomes da Silva diz ainda que "não é possível adivinhar as respostas a todas estas perguntas". Ainda assim, nota, que "no país do Madoff, elas certamente teriam que ser respondidas antes de a OPA ser autorizada".

"Em Portugal, a CMVM terá essa responsabilidade, presente e futura", desafia o ex-vice-encarnado, certo de que o regulador do mercado financeiro deve responder "cabalmente a todas as questões, antes de uma decisão" sob pena de, "a médio prazo, a sua decisão (e os decisores) não possa ser colocada em causa por eventos relacionados com a justiça."