Portugal
Vertigem a atacar deste Benfica tem custos no equilíbrio da equipa
2018-08-01 23:30:00
A equipa da Luz criou ocasiões de golo suficientes para vencer, mas facilitou muito no momento defensivo

O Benfica perdeu com o Olympique Nyon por 3-2, no último jogo de preparação antes do duelo com o Fenerbahçe para a Liga dos Campeões e há duas conclusões a tirar: o 4x3x3 é o sistema preferencial de Rui Vitória para atacar a equipa turca e há um excesso de vertigem ofensiva no futebol dos encarnados e, em consequência, um défice de equilíbrio que terá de ser reposto na partida com os turcos, sob pena do objetivo de o Benfica continuar vivo na Liga milionária ficar para trás. O problema deste Benfica, pelo que se viu neste jogo, mais do que a disposição dos jogadores em campo, 4x3x3 ou 4x4x2 a partir dos 70 minutos, é o modelo de jogo apresentado pelos encarnados, com um atitude ofensiva em excesso que, frente ao Olympique Lyon, desequilibrou a equipa. 

A equipa encarnada entrou melhor em jogo, incorporando uma filosofia ofensiva, e esteve perto do golo com duas bolas no poste (Salvio e André Almeida, e mais uma na segunda parte por intermédio de Pizzi). Os últimos cinco minutos da primeira parte foram, porém, de negação para os encarnados, com o Lyon a fazer dois golos, o primeiro na sequência de um canto, o segundo numa perda de bola do Benfica a permitir uma transição rápida do Lyon. O problema do Benfica foi mesmo esse: na vontade de atacar com tudo, expõe-se defensivamente, abordagem que terá de retificar frente ao Fenerbahçe sob pena de sofrer um resultado embaraçoso, como o de esta quarta-feira diante o Lyon, que se refugiou na maior parte dos momentos do jogo num bloco baixo e saiu rápido para o contra-ataque.

Na segunda parte, a vertigem do Benfica ainda se acentuou mais, devido a ter de correr atrás do prejuízo, o que acabou por render dois golos, e o consequente empate. Aos 70 minutos, Rui Vitória alterou o sistema tático e passou a jogar com dois avançados, Castillo e Jonas, fazendo sair Fejsa, Salvio e Pizzi mas o Benfica caiu de produção e sofreu o golpe final que deu a vitória ao Lyon.

Duas dúvidas: no 4x3x3 que o Benfica deverá apresentar frente ao Fenerbahçe, Castillo, que foi opção para a segunda parte, parece estar melhor do que Ferreyra partindo assim na frente na corrida pela titularidade contra a equipa turca. Jonas voltou a ser terceira opção, e não deixa de ser estranho que o melhor jogador do Benfica das últimas épocas não venha a ser titular num duelo de extrema importância para o Benfica. Rúben Dias jogou de início e mostrou-se ao Lyon que o quer levar, e na segunda parte jogou Conti o que lança a dúvida sobre quem será o parceiro de Jardel no eixo da defesa dos encarnados que sofreu três golos que tiveram mais a ver com as debilidades que a equipa demonstrou no momento de transição defensiva do que em erros individuais. O Benfica terá de desligar um pouco do impulso vertiginoso de atacar, por vezes com alguma sofreguidão, que por vezes até dá a sensação de alguma anarquia tática, para atacar o desafio europeu que tem pela frente.

Benfica-Olympique Lyon, 2-3

(Pizzi, 59', Marcelo, autogolo, 64'); Marcelo, 41'; Traoré, 45' e Terrier, 82')

Onze do Benfica: Odysseas; André Almeida, Rúben Dias (Conti, 46'), Jardel (Lema, 86') e Grimaldo (Yuri Ribeiro, 86'); Fejsa (Alfa Semedo, 71'), Pizzi (Jonas, 71') e Gedson (Samaris, 86'); Salvio (Rafa,71'), Cervi (Zivkovic, 46') e Ferreyra (Castillo, 46').