Não leve a mal a confusão que está este título. A ideia era juntar tudo: Hélder Costa foi chamado à seleção. Hélder Costa dança que se farta. Hélder Costa é craque do FIFA. Hélder Costa gosta de gozar com quem perde.
Falámos com Tomás Aguiar e Marcelo Féria, que foram colegas de Hélder Costa, nas camadas jovens do Benfica. Tomás conta, ao Bancada, que Hélder Costa foi, desde tenra idade, um homem com responsabilidade. E sem vergonha de pedir ajuda, sobretudo se for para ajudar a família, à qual é, desde sempre, muito ligado.
“Ainda nós éramos bastante novos, por volta dos 14 anos, e, por dificuldades financeiras que a família atravessava, o Hélder ganhou coragem e pediu uma ajuda extra ao Benfica, para além do valor normal dos custos com os transportes. Demonstrou um nível de responsabilidade e preocupação para com a sua família desde muito pequeno. Felizmente, com a colaboração do treinador Bruno Lage, encontrou-se uma solução para apoiar financeiramente a família dele”.
Ganhar no FIFA, gozar, contar a toda a gente e exemplificar
Hélder Costa nasceu em Luanda, capital angolana, há 24 anos, mas veio cedo para Portugal. Chegou ao Benfica com dez anos e, por lá, tornou-se um ás da playstation. Com direito a gozo e tudo.
“Ele gostava particularmente de jogar FIFA. Nas horas de descanso, após treino ou entre dois treinos, íamos para os quartos dos jogadores que viviam no centro de estágio, apesar de não ser permitido tal coisa. O Hélder jogava muito FIFA e, após derrotar os colegas, passava horas e horas a rir e a fazer pouco deles (Sancidino, Bakary, Estrela, Bruno Varela, entre outros). Depois contava a todos no balneário os lances mais importantes dos jogos, com movimentos e um riso contagiante”, recorda Tomás Aguiar.
Hélder Costa é, dizem-nos, um tipo porreiro. “Talvez um pouco tímido e fechado, para quem o não o conhece, mas, depois de estabelecer uma amizade, é alguém muito sociável e bastante brincalhão”, diz o ex-colega, numa visão completada por Marcelo Féria: “Ele é tremendamente humilde, amigo e sempre disponível para ajudar e dar a mão”.
Vamos a um bocadinho de bola. Quem segue o futebol português, em geral, e o Benfica, em particular, certamente lembrar-se-á de Hélder Costa como um dos artistas do Seixal. O problema é que, apesar da velocidade, qualidade técnica – com ambos os pés – e bastante razoável capacidade na finalização, o extremo luso-angolano começou a ser visto como mais um cliente para empréstimos.
“Hummm, não quero o Hélder”, disse Jesus e lá foi ele para o Depor. Nada de especial se passou por lá. “Hummm, não quero o Hélder”, disse Rui Vitória e lá foi ele para o AS Mónaco. Aí, sim, coisas especiais se passaram. O craque deu-se bem com Leonardo Jardim e com a Liga Francesa.
“Hummm, não quero o Hélder”, voltou a dizer Rui Vitória, no ano seguinte. Com uma mãozinha de Jorge Mendes, o português foi parar ao Wolves e assumiu-se como craque da equipa. E conquistou os adeptos, que suplicaram pelo regresso do português, mesmo quando, na temporada seguinte, a equipa estava a carburar sem ele. Gostaram tanto dele que pagaram cerca de 15 milhões pelo jogador. Bravo. O cliente dos empréstimos tornou-se um craque com nível de Premier League.
Percebe-se porquê…
“Ele era o último a entra, para acabar em grande e partir a loiça toda”
Para terminar, a tal historinha da dança. Dizem-nos que Hélder Costa é um tipo que gosta de dançar. E tem jeito. Tanto que faziam questão de o deixar ser ele a encerrar a exibição.
“Em momentos de descontração, o Hélder era encorajado a mostrar os seus movimentos de dança. Nós formávamos um círculo e o Hélder e outros que sabiam dançar iam para o centro. Normalmente, ele era o último a entrar, para acabar em grande e partir a loiça toda”.