Não é um avançado, está longe de ser um goleador mas fez toda a diferença no primeiro triunfo do Desportivo das Aves na Liga 2018/19. O "hat-trick" de estreia da carreira de Vítor Gomes resultou numa pesada derrota para o Portimonense e, em contrapartida, numa enorme alegria para a equipa da casa que deixou a lanterna vermelha da Liga e confirmou as certezas de José Mota quanto a um resultado positivo. Este não é mais do que o relato de uma viagem pela autoestrada algarvia na Mota de Vítor Gomes.
O vencedor da última Taça de Portugal surgiu disposto num 4x3x3 denotando, pelo menos no papel, vontade de assumir o jogo no sentido de deixar a última posição do campeonato. El Adoua apareceu na zona central do terreno como médio mais recuado, ladeado por Rúben Oliveira e Vítor Gomes, enquanto na frente Baldé e Elhouni alinharam no apoio a direto a Bruno Gomes, o homem mais avançado. O conjunto dirigido por António Folha apresentou uma estrutura idêntica com Pedro Sá, Ewerton e Paulinho no meio campo. No ataque, João Carlos foi a seta apontada à baliza de Beunardeu, alimentado por Nakajima e Bruno Tabata nas alas.
A primeira oportunidade de golo teve lugar ao minuto três e foi pertença da equipa algarvia, mas acabou por ser o Desportivo das Aves a ganhar vantagem através de uma insistência do capitão Vítor Gomes bem perto da linha de golo depois de Defendi rematar ao poste. Estavam decorridos somente oito minutos e a equipa de José Mota ganhava alento. O alento que lhe permitiu assumir o comando do jogo e remeter o Portimonense para terrenos mais recuados durante os minutos imediatos. Todavia, depois do tormento pós-golo o Portimonense reergueu-se: Ganhou preponderância e o domínio do desafio, expresso na posse de bola, com o Aves a adotar uma atitude mais expetante.
O jogo estava vivo e pouco depois da meia hora João Carlos ganhou espaço, isolou-se, mas Beunardeu com uma saída temerária evitou o golo. O Aves não demorou a ripostar e aos 41 minutos Bruno Gomes permitiu que o guarda-redes Leo brilhasse através de uma bela defesa. Dois minutos bastaram para João Carlos, de novo, surgir isolado, mas perder ângulo de remate e perder uma boa oportunidade para igualar.
A segunda parte começou com bola cá, bola lá, mas foi o Aves a consolidar a vantagem novamente através da raça e do querer do capitão Vítor Gomes que, num lance de insistência, elevou para 2-0. António Folha não demorou a reagir. Fez sair Pedro Sá e João Carlos, lançando Lucas Fernandes e... Jackson em jogo. Era o grito de revolta do treinador do Portimonense na tentativa de inverter os acontecimentos. Mas o tudo por tudo acabou por dar em nada. O internacional colombiano ainda assustou aos 72 minutos quando fez um chapéu a Beunardeu e foi Carlos Ponck a evitar o golo já perto da linha de baliza, mas na jogada seguinte o Aves "matou" o jogo através do protagonista de sempre. Vítor Gomes fez o primeiro "hat-trick" da carreira e conduziu o Desportivo das Aves a bom porto, num jogo bem conduzido pela equipa de arbitragem perante um Portimonense que se revelou demasiado macio, abrindo alas à velocidade do adversário.