Portugal
Uma equipa premiada com o equilíbrio: há craques em todo o lado
2017-07-12 22:25:00
Seleção Nacional sub-19 está na final do Europeu e o Bancada dá-lhe a conhecer o que valem os jogadores de Hélio Sousa

18 jogadores, 18 atletas de grande valia que podem dar muito ao futebol português num futuro não muito longínquo. Hélio Sousa tem, na Seleção nacional sub-19, uma equipa muito equilibrada, ou não estivesse recheada de talento e qualidade em todos os setores. Da baliza à frente de ataque, passando pela defesa e meio-campo, conheça os jogadores e saiba as opiniões de Nuno Gomes e Luís Martins em relação aos representantes dos respetivos clubes no Europeu que está a decorrer na Geórgia.

Ao chegar à final do campeonato da Europa, Portugal conseguiu um feito igualado em 2003 e 2014. No entanto, nessas duas ocasiões, a equipa das quinas saiu derrotada. "Não dão o devido mérito a quem chega à final e não ganha", disse Sérgio Organista, finalista vencido da mesma competição em 2003, ao Bancada, reforçando a ideia de que só fica na história quem conquista a prova.

"Não tenho acompanhado muito bem os sub-19 e os campeonato que estão a efetuar, mas sei que são uma equipa experiente e com qualidade. Espero que ganhem porque ficar na história só se fica uma vez. No nosso caso, quando fomos à final em 2003, havia vários jogadores de muita qualidade e as pessoas nem sabem que os sub-19 de 2003 foram à final. A única coisa que tenho a dizer é que sejam fortes e unidos e que vençam para ficarem na história", desejou o antigo jogador do FC Porto que hoje representa as cores do Varzim SC.

Defesa de dragões com alguns 'intrusos'

A defesa da equipa de Hélio Sousa tem um toque azul e branco. São três defesas e um guarda-redes que pertencem aos quadros do FC Porto, com uma característica em comum: chamam-se todos Diogo. Diogo Costa (guarda-redes), Diogo Dalot (defesa-direito), Diogo Leite e Diogo Queirós (defesas-centrais). Dos quatro 'Diogos', o Leite é o menos utilizado, tendo feito apenas um jogo no Europeu. Os restantes três são indiscutíveis no onze inicial e são aposta do FC Porto para a equipa B na temporada que se avizinha.

As maiores estrelas, contudo, são mesmo Diogo Costa e Diogo Dalot. O guarda-redes e o lateral, juniores de primeiro ano, foram chamados ao Mundial sub-20 que decorreu nos passados meses de maio e junho e jogaram os cinco jogos a que tiveram direito, o que demonstra a maturidade e qualidade que já têm mesmo com tão tenra idade.

Mas há dois lugares que se revelaram cativos para jogadores de outros clubes. Um deles é de Abdu Conté, lateral-esquerdo que capitaneou os juniores do Sporting que se sagraram campeões nacionais. "O Abdu é um jogador que se caracteriza pela sua generosidade e caráter, pela forma como está sempre concentrado e determinado a cumprir as tarefas que lhe incumbem. Tem grandes capacidades para jogar no corredor e é um dos defesas-esquerdos a quem o Sporting atribui grande potencial de crescimento", disse-nos Luís Martins, treinador da equipa B dos leões. 

Apesar de não ser capitão de equipa, Luís Martins considera que Conté é "um líder" e até vai mais longe. "É um dos melhores defesas-esquerdos da sua idade na Europa", assegurou. Mas o único totalista português até ao momento não pertence, curiosamente, a nenhum dos três grandes. Chama-se João Queirós e é jogador do SC Braga. Questionados sobre os pontos fortes do defesa-central, os seus antigos colegas concordaram que Queirós é um 'guerreiro' de qualidade.

"A agressividade é o ponto forte dele, para mim. Também é canhoto, há poucos na sua posição. Lê bem o jogo, antecipa-se rápido", disse ao Bancada Nuno Santa Marta, que na última época representou a AD Ponte da Barca e que partilhou o balneário dos juniores do SC Braga com João Queirós em 2015/16. Já Diogo Izata, que também fez parte dos sub-19 do SC Braga nesse ano, concorda. "É um central bastante rápido, canhoto, e com grande capacidade de liderança dentro de campo. Muito agressivo, não dá nenhuma bola por perdida e sempre concentrado durante todo o jogo. Também é forte no jogo aéreo, dada a sua estatura", revelou, por escrito. Santa Marta realçou ainda um fator em que o defesa é menos bom: "precipita-se um bocado quando tem a bola, às vezes. Podia ter mais critério a jogar com bola".

Voltando à baliza, e até porque Hélio Sousa já utilizou os dois guarda-redes, o suplente de Diogo Costa é Daniel Figueira. O guardião dos juniores do Vitória de Guimarães, que ficaram em quarto lugar no campeonato nacional - com os mesmos pontos que o FC Porto -, promete dar que falar na equipa B vimaranense em 2017/18.

No meio-campo todos são opções válidas

A presença de águias e leões aumenta quando se deixa a defesa para trás. Florentino Luís é um dos jogadores do Benfica que foi convocado por Hélio Sousa e Nuno Gomes, diretor da formação encarnada, caracterizou-nos o médio de 17 anos como um "tapa buracos". "O Florentino é um número seis. Joga à frente da defesa mas pode jogar um bocado mais à frente, mais a médio. É muito simples na forma de jogar. É um jogador que, quanto a mim, não complica as coisas, sabe jogar a primeiro toque e é muito inteligente a ‘tapar buracos’. Pensa no seu jogo e na forma de ‘matar’ o jogo adversário. Tem uma postura em campo adulta para a idade", revelou ao Bancada.

Nuno Gomes falou ainda de Gedson Fernandes, médio um pouco mais avançado que Florentino que apontou o golo contra a Holanda que deu a passagem de Portugal à final do Europeu. O antigo jogador do Benfica assegurou que Gedson, de 18 anos, tem na versatilidade uma das principais armas. "É um jogador muito bom tecnicamente. Sabe jogar a primeiro toque. Pode jogar a médio-centro, número oito, a ala… É muito versátil, diferente. Não é aquele jogador que olhamos e vemos um médio-centro. Olhamos para o Gedson e vemos um jogador que pode jogar a oito, tem qualidade para jogar a dez e na ala, pensa muito bem o jogo. Chega muitas vezes a zonas de finalização e, quanto a mim, é um dos jogadores que no futuro poderemos ver nos grandes palcos", frisou.

Do FC Porto há ainda Rui Pires, médio-defensivo que foi o capitão da Seleção nos dois primeiros jogos do torneio. Foi júnior na última temporada mas realizou 15 jogos pelo FC Porto B. A sua capacidade de liderança é uma das principais virtudes e é o médio mais utilizado por Hélio Sousa. Domingos Quina, virtuoso médio de apenas 17 anos que já jogou pela equipa principal do West Ham, também teve direito a muitos minutos de jogo.

A fechar o setor, dois leões. O primeiro até já jogou pela equipa B, com o treinador da mesma a explicar quem ele é. "Bruno Paz é um jogador muito polivalente. Faz bem várias coisas em jogo. É um bom lateral-direito, mas é também muito bom médio-centro, e essa capacidade de executar bem as várias missões que lhe são incumbidas faz dele um jogador muito útil em qualquer plantel. Foi importante na equipa de juniores do Sporting na última época". Sobre Miguel Luís, o técnico verde e branco não é menos elogioso.

"É um jogador criativo, sempre com excelente leitura de jogo. Ainda é júnior no próximo ano. Tem muita criatividade, capacidade de criar espaço com os passes para a finalização dos seus colegas mais avançados e tem uma razoável capacidade para fazer golo. Chega muito à área, consegue ter também alguma finalização positiva no meio-campo das equipas onde joga", completou Luís Martins.

Os virtuosos desequilibradores ofensivos

Por último, o ataque. E em destaque está o ponta-de-lança Rui Pedro, jogador já conhecido dos adeptos portistas. Foi ele que marcou o golo do FC Porto nos últimos instantes da receção ao SC Braga, dando os três pontos ao grupo de Nuno Espírito Santo, o que ajudou a que fizesse 13 jogos pela equipa principal dos dragões. No Europeu, é o melhor marcador português ao ter faturado em duas ocasiões. Também do FC Porto, mas com menos preponderância, está Madi Queta, extremo que entrou em campo em apenas uma ocasião.

O último representante do Sporting na Geórgia é, literalmente, um Leão. Rafael tem no apelido o nome do animal associado ao clube de Alvalade, mas não é isso que o faz ser importante na equipa lusa. "Um jogador à imagem dos bons extremos do Sporting. Joga mais pelo corredor central do que pelo lateral, mas é um jogador com muito boa capacidade de finalização. Muito criativo, com muita imprevisibilidade nas ações de drible e de preparação para o remate. Tem grande talento e potencial. Sempre que põe caráter e atitude em jogo faz aquilo que vimos no último jogo [empate a duas bolas com a Suécia, em que marcou um golo]. É um excelente avançado que pode jogar em qualquer posição do ataque e em qualquer sistema que o treinador pense utilizar", concluiu Luís Martins.

A finalizar o lote dos 18 eleitos, dois atletas do Benfica. Para Nuno Gomes, tanto Mésaque Djú como João Filipe têm uma vertente em comum. São ambos desequilibradores que podem oferecer muito às equipas onde jogarem nas duas alas. Talvez não seja surpresa, por isso, que tenham jogado um de cada ala ao mesmo tempo por mais do que uma vez neste campeonato da Europa.

"O Mésaque é um jogador rápido, que joga em qualquer posição no ataque, para mim. Seja a ala ou solto na frente. É muito ofensivo, muito potente, é um desequilibrador. É um jogador que está apresentado e que nestes palcos internacionais tem dado cartas e é também uma arma que Portugal poderá usar na próxima final. Pode oferecer ao treinador várias soluções", disse, descrevendo ainda João Filipe.

"É um ala, um extremo que pode jogar na esquerda e na direita. É fantástico tecnicamente, com drible e inteligência a jogar. Joga bem com os dois pés e está há muitos anos no Benfica. Chega à zona de finalização e faz golos muito facilmente. É um desequilibrado nato", considerou Nuno Gomes, líder da formação do Benfica.

O Bancada tentou falar com Alex Costa, treinador de Daniel Figueira nos juniores do Vitória de Guimarães, e com Folha, treinador do FC Porto B que na última temporada também orientou os juniores, mas nenhum dos clubes autorizou em tempo útil.