Portugal
Um passeio à boleia das bolas paradas
2018-09-29 23:35:00
O Sporting nem precisou de jogar muito para vencer o Marítimo. Bastaram dois golos de bola parada e gerir até ao fim.

O Sporting apresentou poucas ideias no ataque, não jogou por aí além, mas ainda assim a exibição do conjunto leonino chegou para vencer o Marítimo, por 2-0, com dois golos que surgiram de bola parada. Num jogo que teve tanto de ritmo baixo como de poucas oportunidades, a equipa de José Peseiro aproveitou uma grande penalidade e um livre lateral com inúmeros ressaltos na área dos madeirenses para chegar a uma vantagem que geriu até ao apito final, sem grandes sobressaltos. Os insulares nunca conseguiram reagir à desvantagem no marcador e apenas no segundo tempo apareceram assiduamente no meio-campo adversário, ainda que com muita posse de bola e poucas ocasiões de perigo.

José Peseiro chamou Jovane Cabral ao onze inicial para fazer de Nani, na ausência do ‘veterano’ extremo, e foi precisamente dos pés do jovem leão em ascensão que nasceu aquele que seria o primeiro golo de um ‘passeio’ tranquilo em Alvalade. O relógio marcava o minuto onze quando Jovane apareceu com o esférico numa zona central do terreno e descobriu, com um passe em abertura exímio, Raphinha, que se antecipou ao guarda-redes Amir e sofreu grande penalidade. O capitão Bruno Fernandes foi chamado à marca dos onze metros para se tentar redimir de um início de temporada menos conseguido e respondeu com convicção: guardião para um lado, bola para outro… e a vantagem para a equipa leonina.

Mas, já que se puxou o nome de Jovane, merece ser salientado que o jovem tanto conseguiu criar desequilíbrios na defesa do Marítimo como também cometeu erros daqueles em que a idade ainda se nota. Foram várias as perdas de bola do extremo, muito por culpa de tentativas de iniciativas individuais. Para além disso, houve ainda muitos lances em que o cabo-verdiano tentou ganhar a linha de fundo, mas deixou o esférico sair ao não utilizar os dois pés no drible. Outra das novidades no onze foi Petrovic, chamado para o lugar de Battaglia. O sérvio esteve consistente no 'miolo', mas também não lhe foi exigido muito ao longo dos 90 minutos.

Aquilo que se verificou desde os minutos iniciais no encontro foi precisamente o que durou durante toda a primeira parte. Os leões reagiram de forma rápida à perda de bola, com recuperações em posição avançada no terreno de jogo, o que facilitava na saída para a manobra contra-ofensiva, municiada pela velocidade dos homens da frente, principalmente Raphinha e Jovane. A turma de José Peseiro conseguiu controlar ao impor um ritmo baixo, pautado pela circulação de bola a toda a largura e com um corredor direito muito ofensivo, primordialmente tendo por base as subidas de Ristovski até à linha de fundo, que resultaram em muitos cruzamentos para a área do Marítimo.

Para gáudio de Peseiro, o Sporting conseguiu aumentar a vantagem ainda no primeiro tempo, mais precisamente aos 35 minutos, num lance muito confuso. Como a lei da bola parada imperou esta noite em Alvalade, não é de estranhar que o segundo tento dos leões tenha surgido através de um livre lateral. Raphinha colocou a bola na área dos madeirenses e só depois de vários ressaltos protagonizados entre jogadores de ambas as equipas é que o esférico surgiu em frente a Montero, já na pequena área. O colombiano foi eficaz e rematou certeiro para o fundo das redes da baliza de Amir. Já ouviu a expressão “desaparecido em combate”? Foi mais ou menos assim que o Marítimo esteve na primeira parte e só conseguiu criar perigo já no tempo de compensação, com Acuña a conseguir um corte providencial num passe de que colocava Danny em frente à baliza deserta do Sporting.

Talvez tenha sido esse lance a catapultar a equipa de Cláudio Braga, que surgiu no segundo tempo com outra atitude, com mais vontade em ter bola e presença no meio-campo adversário. Os remates começaram a surgir, com os exemplos de Correa e Rodrigo Pinho, mas a verdade é que o Marítimo nunca mostrou ser real ameaça para a vitória do Sporting nesta noite, em pleno Estádio José Alvalade. Faltou critério e objetividade aos insulares quando pisaram o último terço do terreno, mas também intensidade, fator que não esteve presente em grande parte do encontro, tanto de um lado como do outro. À medida que os minutos começaram a passar e o apito final a aproximar-se ficou percetível que Peseiro (o técnico nem quis mexer com o jogo e guardou as substituições para o final) e os leões estavam somente a aguardar que o tempo se esgotasse num jogo que não deixa muitas saudades, mas que resulta em três pontos para o Sporting.