Portugal
Um ninja endiabrado e um leão amedrontado
2018-10-07 23:00:00
O Portimonense recebeu e bateu o Sporting por 4-2 no fecho da sétima jornada da Liga

Há várias conclusões a tirar do Portimonense-Sporting. A primeira, porque é a mais merecida, diz-nos que os algarvios são bem mais equipa do que a classificação e os resultados têm feito parecer. A segunda reforça uma ideia cada vez mais óbvia: José Peseiro não consegue colocar um grupo de onze jogadores a funcionar como uma equipa. Tal facto foi notório em Portimão, onde os leões entraram, sem razão, com muito medo do adversário e pagaram bastante por essa atitude. Não há luz à vista no fundo do túnel onde o Sporting está metido e a massa associativa do clube de Alvalade tem motivos para estar apreensiva.

Esse medo foi visível no onze inicial do Sporting. Peseiro remeteu Nani para o banco de suplentes e colocou Battaglia e Gudelj atrás de Bruno Fernandes no meio-campo. Tal decisão tirou criatividade e poder de decisão à equipa verde e branca, acrescentando apenas lentidão e incapacidade de ajudar o trio ofensivo composto por Jovane Cabral, Raphinha e Fredy Montero. Até se podia perceber a estratégia se o adversário se tratasse de um FC Barcelona ou Real Madrid, mas contra o Portimonense foi como tirar um jogador do processo ofensivo. Do outro lado, Jackson Martínez era o grande destaque, mas Nakajima e Tabata prometiam incomodar bastante a defesa visitante. E foi precisamente o que aconteceu.

Depois de alguns minutos iniciais pouco entusiasmantes, o Portimonense começou a crescer. Bruno Fernandes até atirou às malhas laterais na conversão de um livre direto aos 18', mas foi Nakajima quem deu início ao espetáculo aos 30'. O japonês, de contra-ataque, serviu Manafá na esquerda. O antigo jogador do Sporting fez o que quis de Coates, colocou-se em posição de remate e bateu Salin, que podia ter feito melhor. Com naturalidade, o Portimonense continuou a partir para cima de uma defesa frágil e desconcentrada que teimava em dar espaços aos jogadores adversários. Aos 38', Coates podia ter mudado o ritmo do jogo, mas o cabeceamento saiu ao lado.

Quem não desperdiçou foi Nakajima, que depois de dar um golo quis ser o protagonista. E foi ao contrário, com Manafá a fazer a assistência para o extremo e este, com um forte e colocado remate indefensável para Salin, aumentou a vantagem. O guarda-redes francês ficou (literalmente) pior que estragado, tendo chocado contra o poste e saído para entrar Renan, o guardião suplente. Os 2-0 ao intervalo eram muito fáceis de explicar: o Portimonense foi melhor que o Sporting. Simples.

Seria de esperar alguma mudança na ideia de jogo do Sporting para a segunda parte, mas nada disso aconteceu. O que melhorou, ainda que ligeiramente, foi o nível das individualidades da equipa de José Peseiro. O remate de Bruno Fernandes aos 52' e o falhanço de Jovane Cabral aos 60' foram exemplos da proximidade que o Sporting começava a ter com o golo que, finalmente, surgiu aos 63'. Acuña colocou a bola na área, Nani, que havia entrado ao intervalo, surgiu em boa posição e deu o tento a Montero, que desviou facilmente e reduziu a desvantagem. Mas foi tudo fogo de vista.

As inspirações individuais voltaram a valer muito pouco e o Portimonense estava confortável na partida. Ao contrário do Sporting, o conjunto de António Folha saía com critério, trocava bem a bola e utilizava muito bem os recursos a que tinha direito. Esteve muito perto do 3-1 aos 78', quando Jackson Martínez se antecipou a Renan e cabeceou por cima, mas só o fez aos 82'. Na sequência de um pontapé de canto. Nakajima surgiu na zona de meia lua para o melhor golo da partida. Um remate tenso que se percebeu que ia dar golo assim que saiu do pé direito do nipónico. 3-1. Justíssimo.

No desespero, os defesas do Sporting subiram ao ataque e foi numa dessas investidas que Coates respondeu a (mais) uma assistência de Nani com um golo de cabeça. Os últimos minutos adivinhavam-se de grande pressão do Sporting para tentar o empate, mas foi o Portimonense quem voltou a marcar. Nakajima somou mais uma assistência aos dois golos e ao passe para golo que já tinha ao descobrir João Carlos. Sozinho no contra-ataque, desviou de Renan com facilidade e fez o 4-2 final. Um resultado que deve envergonhar os jogadores e o treinador do Sporting e que vai ficar na cabeça dos adeptos do Portimonense durante muitos e longos anos.