O triunfo do Sporting sobre o Rio Ave por 2-0 na 27ª jornada da Liga serviu para os leões continuarem na luta pelo título, mas não só. Foi também o reencontro entre Rúben Ribeiro e o Rio Ave. O jogador trocou o Estádio dos Arcos por Alvalade no mercado de inverno e Jorge Jesus, no embate com os vilacondenses, não dispensou o conhecimento que Rúben Ribeiro tem da antiga equipa para o lançar no onze inicial da partida do último domingo, uma estratégia muito utilizada pelos treinadores da Liga Portuguesa nas temporadas mais recentes.
Nas últimas três épocas, vários jogadores contratados a equipas do próprio campeonato entraram em campo contra as formações onde haviam jogado na primeira metade da época. Os treinadores parecem seguir a mesma tendência: colocar em campo os atletas que conhecem o adversário por dentro e frequentaram o balneário durante muito tempo. Desse modo, têm na equipa um jogador que treinou diariamente com os opositores, o que poderá ser benéfico - mas também prejudicial, ou não tivessem os adversários conhecimento sobre o jogador que trocou de camisola. Foi isso que Jorge Jesus fez com Rúben Ribeiro, mas não é uma moda nova.
Em 2016/17, há muitos exemplos. Um dos mais evidentes é o de Soares, avançado do FC Porto. O brasileiro brilhou ao serviço do Vitória de Guimarães, na primeira volta, e os dragões passaram a ser detentores do seu passe no mercado de inverno. No reencontro com os vimaranenses, no Estádio D. Afonso Henriques, o FC Porto ganhou por 2-0 e Soares marcou um golo, sendo essencial na vitória azul e branca. Outros casos de jogadores que foram titulares contra as equipas onde jogaram na primeira metade da época são os de Assis e Paulinho, que trocaram o GD Chaves pelo SC Braga em janeiro de 2017 e, no reencontro, estiveram dentro das quatro linhas durante todo o encontro que terminou com um 0-0.
No Sporting, Daniel Podence esteve emprestado ao Moreirense na primeira metade de 2016/17. Regressou a Alvalade e, na visita a Moreira de Cónegos, entrou no decorrer da segunda parte na vitória leonina por 3-2. Filipe Augusto na deslocação do Benfica a casa do Rio Ave (triunfo encarnado por 1-0), o seu antigo clube, mas esteve muito poucos instantes em campo. André Claro (trocou o Vitória de Setúbal pelo Estoril Praia), Sturgeon (trocou o Belenenses pelo Vitória de Guimarães), Fábio Nunes (trocou o CD Tondela pelo Belenenses) e Gégé (trocou o FC Arouca pelo FC Paços de Ferreira) foram outros que, nos reencontros com as antigas equipas, foram opções para os novos treinadores.
Na temporada anterior, o Sporting teve três casos com estas características: Zeegelaar, Bruno César e Rúben Semedo. O primeiro foi para o clube leonino vindo do Rio Ave em janeiro e jogou os 90 minutos contra os vilacondenses na receção em Alvalade (0-0). Já Bruno César foi reforço proveniente do Estoril Praia e entrou na segunda parte da visita do Sporting à Amoreira que terminou com a vitória verde e branca por 2-1. Por último, Rúben Semedo esteve emprestado ao Vitória de Setúbal durante seis meses, foi chamado de volta por Jorge Jesus em janeiro e foi titular no centro da defesa no jogo com os sadinos que deu goleada para o Sporting (5-0).
Suk foi utilizado pelo FC Porto na visita a Setúbal, onde jogou na primeira metade de 2015/16 (Miguel A. Lopes/Lusa)
Mais a norte, o FC Porto fez o mesmo com Suk, sul-coreano contratado ao Vitória de Setúbal em janeiro que entrou na segunda parte da visita dos dragões ao Bonfim (triunfo azul e branco por 1-0). No SC Braga, menos sorte. Marafona foi o guarda-redes titular na visita a Paços de Ferreira, onde jogou na primeira metade da época, mas os minhotos perderam por 1-0.
Suk é mesmo um repetente nestas andaças. Em 2014/15, o asiático foi do Nacional para o Vitória de Setúbal em janeiro. Quando os setubalenses visitaram a Madeira, acabaram derrotados por 3-0 pelo Nacional e Suk jogou toda a partida. Hernâni, reforço de inverno do FC Porto nessa temporada, estreou-se pelos dragões, precisamente, no reencontro com o Vitória de Guimarães, atuando durante três minutos na vitória sobre os vimaranenses por 1-0. Há ainda os casos de Luís Aurélio (jogou os 90 minutos na vitória do Nacional por 3-2 sobre o Moreirense, a antiga equipa), Ustaritz (foi titular pelo FC Penafiel na derrota por 0-2 com o FC Arouca, onde havia jogado) e anda Diallo, que entrou no segundo tempo do Académica-FC Arouca (1-1). Na primeira volta, o maliano havia vestido as cores arouquenses.
