Portugal
Toque de Midas de José Gomes em momento histórico do Rio Ave
2018-10-27 20:10:00
Em Vila do Conde houve uma substituição que decidiu o jogo e permitiu ao Rio Ave fazer história perante o GD Chaves.

Com ou sem justiça, o Rio Ave fez história. Nunca à oitava jornada da liga a equipa de Vila do Conde somou tantos pontos. Só uma vitória frente ao GD Chaves permitiria superar o melhor arranque de temporada da história do Rio Ave e a equipa vila condense conseguiu-o. Com ou sem justiça, mas com o toque de ouro de José Gomes. O momento do jogo aconteceu um minuto antes de golo de Galeno. Bastou ir ao banco e meter em campo Gelson Dala.

Em Vila do Conde não se jogou a primeira parte mais bonita da época. Tal como o tempo, faltou calor ao jogo e acima e tudo faltou baliza de ambos os lados. Ironia do destino, já que logo no primeiro minuto se festejou golo, acabando este anulado - justamente - por posição ilegal de Carlos Vinicius. O jogo foi frio e apesar de, estas, terem mostrado ser duas equipas precisas na construção - mais o Rio Ave do que o Chaves, ainda assim, com exceção dos primeiros quinze minutos de jogo -, houve pouca baliza. Construção paciente e organizada, com critério, é certo, mas em zonas recuadas do terreno e sem verdadeira urgência em quebrar linhas e desmontar a organização adversária.

Apesar da qualidade na construção de ambos os lados, acabou por ser na bola parada que se geraram as ocasiões de golo mais perigosas. Como aos 10 minutos, quando Nuno André Coelho, importunado por Borevkovic após livre lateral de Ghazaryan, cabeceou por cima da baliza de Léo Jardim. Ou, principalmente, como aos 29 minutos quando um livre lateral de Fábio Coentrão passou por várias cabeças numa jogada de laboratório à qual apenas faltou força na cabeça de Borevkovic que, à boca da baliza, não conseguiu desfazer o nulo. Pelo meio? Há um remate do meio da rua de Ghazaryan, outro de Galeno e também um de Coentrão dois minutos antes de, aos 43, William, no coração da área, após cruzamento de Avto no corredor esquerdo, isolado de marcação cabecear por cima da baliza de Jardim depois de falhar o tempo de salto, quando tudo tinha para fazer golo.

O Rio Ave demorou a impor o seu jogo e os papéis acabaram por se inverter à medida que o jogo avançou. Se nos primeiros quinze minutos foi o GD Chaves que teve mais bola e procurou circular e construir de forma mais coletiva e organizada, enquanto o Rio Ave procurou o desequilibrio individual, principalmente, por Galeno, o jogo dos vila condenses tornou-se mais associativo desde então ao ponto de acabar a primeira parte com 56% de posse de bola e mais passes tentados e concretizados do que o Chaves. Uma posse feita, ainda assim, longe da baliza do GD Chaves, não surpreendendo que a primeira parte tenha terminado com Nélson Monte como o jogador que mais vezes tocara na bola até então - ele que aglutinou praticamente 10% da posse de bola, um máximo do jogo até então -, enquanto que do lado do Chaves o jogou passou todo, sem surpresa, por Eustáquio, com ambas as equipas a tocarem na bola nove vezes na área contrária.

A segunda parte pareceu tirada a papel químico da primeira. Só não foi uma repetição total, já que o Rio Ave acabou por decidir o jogo num lance que teve toque de Midas de José Gomes. Já lá vamos. Quando o Rio Ave chegou por fim ao golo aos 66 minutos, já o Chaves havia criado perigo em três ocasiões. Fê-lo por Ghazarayan e Avto, de fora da área, com remates a sair na direção de Léo Jardim e fê-lo, principalmente, por Nuno André Coelho, pelo meio, após bola perdida na área depois de uma sucessão de cantos e forte pressão da equipa flaviense sobre a baliza vila condense. O central disparou forte de pé direito, mas a bola desviou em Matheus Reis que estava no chão, acabando por sair por cima.

Tal como na primeira parte, o GD Chaves voltou a entrar mais forte e mais esclarecido, mas tal como na primeira parte, tal esclarecimento durou apenas quinze minutos. José Gomes, apercebendo-se do domínio flaviense no recomeço do encontro lançou Gelson Dala aos 65 minutos com a sua equipa a necessitar de um abanão face a uma entrada letárgica em campo e o angolano respondeu de imediato. Na primeira ação em campo, Dala lançou Galeno em profundidade com o extremo a fugir-se nas costas da defesa do Chaves, por entre os centrais, e apenas a ter de finalizar para o fundo das redes.

O golo tirou o GD Chaves do encontro e permitiu ao Rio Ave recuperar o controlo do jogo, sem nunca o dominar. Uma jogada de envolvimento coletivo ainda acabou no fundo das redes aos 73 minutos, mas o lance acabou anulado por fora de jogo de Fábio Coentrão. Até final, André Luís e Fábio Coentrão ainda voltaram a fazer suar os guarda redes adversários, mas o resultado não se alterou. Com ou sem justiça, o Rio Ave fez história.